Campo Grande (MS), Terça-feira, 04 de Novembro de 2025

Política / Assembleia Legislativa

Kemp denuncia uso político de operação no Rio e defende unificação das polícias proposta por Lula

Deputado critica governadores da direita e diz que “os tubarões do crime estão nas mansões de luxo, não nos barracos”

04/11/2025

13:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS) usou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (4) para fazer duras críticas à operação policial realizada nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, no último dia 28 de outubro, que deixou 121 mortos. Para o parlamentar, a ação teria sido usada com fins políticos pelo governador Cláudio Castro (PL) e pela direita, em meio ao debate nacional sobre segurança pública.

“Os tubarões do crime organizado não estão nos barracos, estão nas mansões de luxo. É preciso enfrentar as finanças do crime, não apenas o povo pobre das comunidades”, afirmou Kemp.

Críticas à condução da segurança pública

Kemp comparou a operação no Rio — chamada Operação Contenção — a outras ações policiais sem vítimas, como a Operação Carbono Oculto, deflagrada em São Paulo contra o PCC.

“Na Faria Lima, a polícia apreendeu R$ 4 bilhões do crime organizado. Quantos tiros foram disparados? Nenhum. Quantas mortes? Nenhuma. Isso é o que chamamos de operação inteligente e planejada”, disse o deputado.

Segundo ele, a operação fluminense “não resolveu o problema do tráfico nem das milícias” e foi conduzida de forma midiática e desumana, sem planejamento e sem resultados concretos.

Kemp também questionou se o governador Cláudio Castro teria intenção política na ação, uma vez que sua popularidade cresceu após o episódio:

“Será que a operação foi intencional ou teve fundo político? O governador do Rio está fazendo política e tentando jogar a responsabilidade no colo do presidente Lula”, acusou.

Defesa da PEC da Segurança e do Sistema Nacional Unificado

Durante o discurso, Kemp defendeu o projeto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que propõe a criação do Sistema Nacional de Segurança Pública e a unificação das polícias civil e militar. Segundo o parlamentar, a integração das forças permitiria uma atuação coordenada, inteligente e eficiente, reduzindo a violência e melhorando as condições de trabalho dos agentes.

“Se os governadores querem realmente combater o crime organizado, que peçam a seus deputados e senadores para votar a favor da PEC da Segurança. A integração das polícias é fundamental para enfraquecer as facções e oferecer à população dos morros água, luz, saneamento e segurança”, reforçou.

O petista lamentou que governadores da direita — incluindo o de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) — ainda não tenham se posicionado em favor da proposta.

“Enquanto a PEC da Segurança segue parada, os governadores preferem se reunir para fotos e discursos. Aqui em Mato Grosso do Sul, não faltam problemas: conflitos indígenas, feminicídios, violência urbana. Por que o governador foi ao encontro no Rio, se nada de concreto foi feito por aqui?”, questionou.

Operação Contenção x Operação Carbono Oculto

A Operação Contenção, conduzida pelas polícias Civil e Militar do Rio, buscava prender Edgar Alves de Andrade, o “Doca” ou “Urso”, apontado como líder do Comando Vermelho (CV). Apesar do arsenal de fuzis apreendido, o criminoso segue foragido. O saldo da ação foi a mais letal da história do estado, com vítimas entre policiais, suspeitos e moradores inocentes.

Já a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal e Ministério Público de São Paulo, foi deflagrada em 28 de agosto e mirou fraudes bilionárias no setor de combustíveis envolvendo o PCC. A ação — que também incluiu as operações Quasar e Tank — mobilizou 1.400 agentes e prendeu seis pessoas sem disparar um único tiro.
As investigações revelaram que o grupo movimentou R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, com R$ 7,6 bilhões em sonegação fiscal, e criou uma fintech paralela que atuava como banco do crime.

“Enquanto no Rio de Janeiro morrem mais de cem pessoas, em São Paulo o crime organizado é combatido com inteligência, sem uma gota de sangue derramada. Isso mostra que é possível fazer segurança pública com planejamento, não com politicagem”, criticou Kemp.

“Chega de campanhas eleitorais com o sangue do povo”

Encerrando o discurso, Kemp fez um apelo à sociedade e aos governadores:

“A direita transformou a segurança pública em palanque eleitoral. Precisamos de políticas integradas, e não de massacres televisionados. O povo pobre não pode continuar pagando com a vida pelos erros do Estado.”

O parlamentar reforçou que a verdadeira resposta ao crime organizado deve ser estrutural e humanitária — com investimento em educação, emprego e oportunidades.

“Enquanto houver desigualdade e ausência do Estado, as facções vão recrutar os filhos da periferia. O combate precisa começar pela dignidade, não pela bala”, concluiu.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Jornal do Estado MS © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: