Campo Grande (MS), Domingo, 23 de Novembro de 2025

Política / Eleições 2026

MDB de MS enfrenta impasse sobre eventual candidatura de Simone Tebet ao Senado e impacto em alianças locais

Divisão interna cresce diante da possibilidade de palanque misto com Lula e Riedel; lideranças pedem definição urgente

23/11/2025

13:45

DA REDAÇÃO

©ARQUIVO

O MDB de Mato Grosso do Sul vive um de seus momentos mais delicados desde 2022. A possível candidatura da ministra do Planejamento, Simone Tebet, ao Senado em 2026 abriu um impasse interno que expõe divergências estratégicas entre o diretório estadual, vereadores, deputados e a executiva nacional do partido.

Enquanto a direção nacional já sinalizou que Simone é o nome da legenda para a disputa, no Estado há cautela e receio sobre os efeitos políticos de um eventual palanque dividido, no qual a ministra poderia apoiar Lula (PT) à presidência e, ao mesmo tempo, caminhar com o governador Eduardo Riedel (PP) à reeleição.

Cautela institucional e palanque dividido

Em Campo Grande, vereadores do MDB manifestam apoio pessoal à ministra, mas ponderam que o partido ainda não tomou posição oficial. O presidente municipal do MDB, Dr. Jamal, defende que a sigla libere seus quadros para escolher o apoio presidencial em 2026 e avalia que, havendo candidatura ao Senado, Simone ainda poderia conciliar um palanque híbrido: Lula para presidente e Riedel para governador.

Jamal também afirma acreditar que Simone tende a apoiar Riedel, destacando o vínculo político do marido da ministra, ex-deputado estadual e integrante de governo no Estado. Já o vereador Coringa cobra uma reunião urgente com a ministra e com o presidente estadual do MDB, Waldemir Moka, para evitar que o partido “fique para trás” nas articulações.

Simone Tebet, porém, mantém postura reservada. Em evento na Assembleia Legislativa em setembro, disse que só tratará de candidatura no ano eleitoral, que Lula conversou sobre o papel de “quadros moderados” no Senado, mas reforçou que a decisão será tomada apenas no fim de 2025. A ministra afirmou ainda que pesquisas a colocam competitiva tanto em São Paulo quanto no Mato Grosso do Sul, mas descartou deixar o MDB.

Puccinelli minimiza risco de ruptura

Uma das principais lideranças históricas do partido no Estado, o ex-governador André Puccinelli tenta pacificar o clima e minimizar o risco de debandada. Para ele, a decisão da executiva nacional de liberar cada Estado para definir seu apoio presidencial já reduz tensões e pode evitar conflitos internos, com ou sem Simone na disputa.

O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, reforça que Simone é “um dos quadros mais qualificados do partido” e que seria natural sua candidatura pelo Mato Grosso do Sul, Estado onde construiu toda sua trajetória política.

Apreensão na bancada estadual e impacto sobre Riedel

O tom é mais crítico entre as lideranças estaduais. O deputado Junior Mochi, um dos nomes mais influentes do MDB-MS, demonstra preocupação com os efeitos da movimentação de Simone sobre o pacto firmado com o governo Eduardo Riedel (PP) no início da gestão.

Segundo ele, o acordo prevê que o MDB integre a base do governo e caminhe ao lado de Riedel em 2026. Uma candidatura de Simone ao Senado apoiando Lula traria dificuldades tanto para a coerência interna da sigla quanto para a estabilidade da aliança com o governador, especialmente em um cenário eleitoral marcado pela polarização nacional.

Mochi afirma que o MDB não é contra lançar uma candidata forte ao Senado, mas questiona a viabilidade política de um palanque dissociado do projeto estadual. Ele reconhece que o tema o incomoda e, embora diga não cogitar deixar o MDB, admite que “uma condução mal feita pode levar a esse cenário”.

O deputado Renato Câmara preferiu não comentar.

Definição pode ficar apenas para o fim de 2025

Com Simone evitando antecipar uma decisão, o MDB-MS tenta equilibrar compromissos locais, interesse nacional do partido e expectativas eleitorais da ministra. A tendência é que a definição fique para o fim de 2025, prolongando a disputa interna e mantendo acesa a divergência sobre o possível palanque misto Lula–Riedel.

Enquanto isso, o diretório estadual pressiona por diálogo e teme que a indefinição enfraqueça a posição da sigla nas articulações para 2026.


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