O ex-senador Delcídio do Amaral, presidente do PRD (Partido Renovação Democrática) em Mato Grosso do Sul, reafirmou nesta semana que não pretende deixar a sigla, apesar das especulações recentes sobre uma possível migração para outros partidos. Em entrevista ao O Estado, Delcídio foi categórico ao negar qualquer tratativa para filiação ao Novo ou a outras legendas.

“Estou organizando a futura federação do PRD com o Solidariedade e trabalhando também com o DC. Eventualmente, com um quarto partido. Meu compromisso é estruturar chapas competitivas, com discurso unificado e um projeto sólido para Mato Grosso do Sul”, afirmou.

A articulação envolve partidos com representantes da centro-esquerda, centro-direita e centro, numa tentativa de construir um bloco plural que possa disputar espaço nas eleições de 2026.

Insatisfação no centro e centro-direita abre espaço para novas composições

Delcídio voltou a comentar a crescente insatisfação dentro de legendas de centro e centro-direita — como União Brasil, PP e, principalmente, PL — que, segundo ele, cria ambiente para o surgimento de alternativas no Estado. O ex-senador já havia afirmado que a Democracia Cristã poderia se tornar um “desaguadouro” para eleitores e lideranças descontentes com a atual configuração dessas siglas.

A entrada do ex-governador Reinaldo Azambuja no PL também foi apontada por ele como fator de desgaste interno. Para Delcídio, nomes como Marcos Pollon e Capitão Contar, ambos do PL, possuem forte potencial eleitoral, mas podem enfrentar dificuldades diante da nova liderança partidária.

“Tenho muita consideração pelo trabalho de Marcos Pollon, mas ele pode enfrentar dificuldades dentro do PL, especialmente com a liderança do Reinaldo Azambuja, que alterou o perfil do partido”, analisou.

Democracia Cristã como alternativa e composição mais ampla

Delcídio ressaltou que o DC pode se tornar uma alternativa natural para lideranças da centro-direita que não se identificam com o atual PL. Ele defende que a construção da federação com PRD, DC e Solidariedade permitirá uma frente ampla, com espaço para diversas correntes políticas e com capacidade de atrair descontentes de outras siglas.

Cenário para 2026 e seu próprio futuro político

O ex-senador aparece em pesquisas como possível candidato ao governo estadual em 2026, mas evita confirmar qualquer movimento. Segundo ele, o foco está na construção de um projeto maior, que una diferentes setores da sociedade em torno de uma proposta de desenvolvimento para Mato Grosso do Sul.

“Estamos buscando unir lideranças diversas, construir um discurso coerente e oferecer ao Estado uma alternativa política consistente”, afirmou.

O presidente do PRD, portanto, descarta mudança partidária e intensifica o processo de articulação da federação, num movimento que promete reposicionar o eixo político de centro e centro-direita no Estado.