Política / Justiça
Bolsonaro é preso 653 dias após início da investigação: cronologia revela avanço da apuração da tentativa de golpe de 2022
Da Operação Tempus Veritatis ao risco de fuga e violação da tornozeleira, trajetória reúne confrontos institucionais, manifestações, condenação e escalada de tensões
23/11/2025
07:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada no sábado (22), marca o ápice de quase dois anos de investigação sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022. Desde fevereiro de 2024, quando a Operação Tempus Veritatis foi deflagrada pela Polícia Federal, o processo acumulou episódios de tensão política, violações de medidas cautelares, manifestações públicas e uma condenação histórica no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, 653 dias separaram o início das investigações da ordem de prisão preventiva.
Bolsonaro já cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto de 2025, após descumprir a proibição de uso de redes sociais, inclusive por meio de terceiros. Em setembro, foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, como chefe da chamada trama golpista. Ao longo desse período, discussões sobre anistia, alegações de perseguição, atos políticos e tentativas de interferência institucional marcaram a cronologia.
A prisão preventiva, segundo o ministro Alexandre de Moraes, foi necessária diante do risco de fuga, da violação da tornozeleira eletrônica, e da vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio da família. A decisão enquadra-se também na avaliação de que a ordem pública poderia ser comprometida.
A seguir, a cronologia completa dos fatos que culminaram na prisão preventiva do ex-presidente.
A PF deflagra operação para investigar a tentativa de golpe de 2022. Bolsonaro é impedido de sair do país e de manter contato com aliados. A ação se baseia em elementos do inquérito das milícias digitais e na delação do tenente-coronel Mauro Cid.
O ex-presidente permanece por dois dias na embaixada da Hungria após ter o passaporte apreendido. A defesa nega tentativa de fuga e diz que se tratou de encontro diplomático.
Bolsonaro reúne milhares de apoiadores e cobra anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Ato serviu de resposta às investigações em curso.
Em depoimento à PF, o ex-comandante da Aeronáutica Baptista Júnior afirma que o golpe teria acontecido caso o general Freire Gomes, então comandante do Exército, não tivesse resistido. Depois, Freire Gomes negaria a intenção de prender Bolsonaro.
Arthur Lira cria comissão especial para analisar projeto de anistia, reiniciando o debate. A medida era vista por aliados de Bolsonaro como essencial para blindá-lo.
Tiü França se explode em frente ao STF. Moraes e o diretor da PF, Andrei Rodrigues, ligam o episódio ao ambiente de radicalização envolvendo o ex-presidente.
Operação Contragolpe prende suspeitos de planejar atentados contra Lula, Alckmin e Moraes. A PGR posteriormente afirmaria que Bolsonaro concordou com o plano; ele nega.
Bolsonaro e mais 36 pessoas são indiciados pela PF após quase dois anos de investigação sobre a trama golpista.
O ex-presidente sugere que poderia buscar refúgio em embaixadas. A defesa nega intenção real de asilo.
O general Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro, é preso por tentativa de obstrução de Justiça.
Em vídeo, o ex-presidente diz que a lei “persegue a direita”. A fala ecoa em proposta do deputado Bibo Nunes.
O ex-presidente é denunciado por tentativa de golpe, organização criminosa armada, dano ao patrimônio público e outros crimes. Ao todo, 33 pessoas são incluídas.
Em seminário do PL, o ex-presidente ironiza a possibilidade de ser preso.
O deputado tira licença para atuar nos EUA contra Moraes e dialogar com autoridades americanas.
Bolsonaro e outros acusados tornam-se réus por decisão unânime da Primeira Turma. Na porta do Senado, ele volta a atacar Moraes e o sistema eleitoral.
A cabeleireira símbolo do bolsonarismo recebe benefício após condenação a 14 anos. Bolsonaro chama decisão de “recuo tático”.
Em entrevista, declara que morreria se fosse preso.
Ato reúne sete governadores; símbolos como o batom voltam a ser usados.
Delação indica que ele editou o documento e manteve apenas a ordem de prisão contra Moraes.
Bolsonaro pede desculpas a Moraes e admite ter estudado alternativas para reverter o resultado eleitoral.
EUA impõem tarifa de 50% a produtos brasileiros; Trump associa a medida ao julgamento de Bolsonaro.
O STF determina o uso do dispositivo e proíbe Bolsonaro de usar redes sociais, inclusive por terceiros.
O deputado diz que sabia da possibilidade da sanção e critica Moraes.
O ministro reconhece descumprimento da proibição de uso de redes sociais por Bolsonaro.
Trump aplica a Lei Magnitsky contra o ministro, acusando perseguição. Especialistas contestam a medida.
Moraes impõe prisão domiciliar por descumprimento das cautelares em manifestações.
Bolsonaro e Eduardo são indiciados por tentativa de obstruir o julgamento, com suspeita de pedido de asilo para a Argentina.
Policiais passam a vigiar permanentemente o ex-presidente.
Primeira Turma inicia julgamento da trama golpista. Bolsonaro alega problemas de saúde para faltar.
Ato na Paulista reúne 42 mil pessoas pedindo anistia.
STF impõe pena de 27 anos e 3 meses a Bolsonaro por tentativa de golpe. Outros sete réus também são condenados.
Ex-presidente deixa prisão domiciliar para exames e tem lesões removidas. Passa por novo atendimento dias depois.
Texto amplia foro especial; reação do STF gera protestos.
Manifestações criticam PEC da Blindagem e pedido de anistia.
Senado arquiva a proposta após pressão pública.
Sete réus são condenados; até então, 24 pessoas já haviam sido culpadas pelo STF.
Inicia-se prazo recursal para defesas.
Tornozeleira é retirada e pena passa a valer em regime aberto.
Primeira Turma rejeita recursos de Bolsonaro e demais réus.
O general Estevam Theophilo é absolvido por falta de provas; nove réus do núcleo operacional são condenados.
EUA revogam tarifas após conversa entre Lula e Trump.
Advogados pedem manutenção da prisão domiciliar e apresentam laudos médicos.
Bolsonaro é preso após violar a tornozeleira com um ferro de solda, diante do risco de fuga e da vigília convocada por Flávio Bolsonaro. A PF o leva à Superintendência, onde permanece em cela especial.
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