Política / Partidos
Radicalização do PL ameaça acordo político entre Reinaldo Azambuja e aliados de Eduardo Riedel em MS
Motim em Brasília, divisões internas e disputa por espaço eleitoral aumentam incertezas para a formação de palanques nas eleições de 2026 no Estado
09/08/2025
06:45
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
As pautas defendidas pela direita — como a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) — reacenderam tensões em Brasília e podem comprometer o acordo político que vinha sendo articulado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) com a cúpula do PL para as eleições de 2026 em Mato Grosso do Sul.
Aliados do governador Eduardo Riedel (PSDB) avaliam que o motim promovido pela extrema direita nesta semana, marcado por radicalidade e intransigência, fragilizou a construção de uma aliança que incluiria o grupo de Azambuja e lideranças do PL no mesmo palanque estadual.
O clima no PL sul-mato-grossense já era de tensão antes mesmo do anúncio de Azambuja sobre sua filiação ao partido, feito após encontros com Bolsonaro e o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto. O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) chegou a chamar de “canalhas” alguns líderes do partido, sem citar nomes.
Pollon foi protagonista no episódio que paralisou a Câmara dos Deputados por mais de 30 horas. Sentado na cadeira da Presidência, foi o último a deixar a Mesa Diretora na noite de quarta-feira (6), sinalizando, segundo bastidores, que pode tentar inviabilizar o acordo com Azambuja. Há especulações de que o parlamentar considere disputar o governo do Estado, possivelmente em chapa com o ex-deputado Capitão Contar (PRTB), seu adversário em 2022.
Contar, que disputou o governo estadual em 2022 e chegou a liderar o primeiro turno contra Riedel, afirmou que pretende concorrer ao Senado Federal em 2026. Para ele, a Casa Alta é estratégica por ser o foro para pedidos de impeachment contra ministros do STF.
“Vou sair por uma vaga no Senado. Eventuais acordos com outros partidos ou candidatos serão discutidos mais pra frente”, disse Contar, que afirmou não conversar com Pollon desde janeiro, mas elogiou Riedel por classificar a prisão domiciliar de Bolsonaro como “excesso judicial”.
A costura política de Reinaldo Azambuja também dependerá do reposicionamento de partidos no governo estadual. O PT deve deixar a base após a viagem de Riedel à Ásia, rompendo um acordo firmado no segundo turno de 2022. Secretarias ligadas à agricultura familiar e à cultura — hoje sob comando petista — já despertam interesse do MDB, que ocupa outras pastas estratégicas.
A possível saída do PT abre espaço para alianças regionais com a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), que avalia disputar o Senado por São Paulo ou até compor como vice na chapa presidencial de Lula em 2026.
Fontes afirmam que Tebet teria dificuldade em pedir votos para Lula em um palanque liderado por Azambuja, mas poderia estruturar uma campanha independente mantendo a filiação ao MDB. O Estado de São Paulo surge como alternativa, impulsionado pelo recall de sua candidatura presidencial e por pesquisas internas que indicam boa receptividade no eleitorado paulista.
Caso opte por permanecer em Mato Grosso do Sul, Tebet teria de enfrentar um cenário competitivo, com nomes como Reinaldo Azambuja, Capitão Contar, Nelsinho Trad (PSD) e Vander Loubet (PT) no tabuleiro eleitoral.
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