Campo Grande / Trânsito
Multas aplicadas por radares em Campo Grande após contrato vencido podem ser anuladas pela Justiça
Ação Popular aponta que Prefeitura manteve operação de equipamentos de fiscalização sem licitação desde setembro de 2024, o que pode gerar devolução de valores e cancelamento de pontos na CNH
08/08/2025
12:30
VOX MS
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Motoristas de Campo Grande que receberam multas de trânsito registradas por radares, lombadas eletrônicas ou câmeras de videomonitoramento a partir de 6 de setembro de 2024 poderão ter as penalidades anuladas na Justiça. A possibilidade está sendo analisada pela 1ª Vara de Direitos Difusos Coletivos e Individuais Homogêneos, sob responsabilidade do juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, que determinou manifestação urgente da Prefeitura devido à gravidade do caso.
A Ação Popular, movida pelo vereador Marcos Trad (PDT), contesta a validade das autuações, alegando que o contrato entre a Prefeitura e o Consórcio Cidade Morena — responsável pela operação dos equipamentos — venceu em 5 de setembro de 2024 e não foi renovado. Mesmo assim, as empresas Perkons, Serget Mobilidade Viária e Fiscal Tecnologia e Automação continuaram operando os dispositivos de fiscalização de forma irregular.
Na ação, Marcos Trad solicita liminar para suspender todas as multas aplicadas desde o fim do contrato, exigir a devolução dos valores pagos pelos motoristas e responsabilizar a prefeita Adriane Lopes por suposta lesão ao erário e à moralidade administrativa.
Segundo o parlamentar, a arrecadação mensal com as autuações pode chegar a R$ 3 milhões, configurando enriquecimento sem causa por parte do município.
Os equipamentos em uso incluem radares fixos e portáteis, câmeras de videomonitoramento, sensores não intrusivos e talonários eletrônicos de infração.
Para que o consórcio continuasse operando, seria necessária uma nova licitação, o que não ocorreu. Apesar disso, a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) firmou dois instrumentos de reconhecimento de dívida com o Consórcio Cidade Morena — um no valor de R$ 2,503 milhões, em março de 2025, e outro de R$ 2,589 milhões, em julho.
Não há informações sobre a instauração de processos administrativos de sindicância para apurar as dívidas, como exige a legislação municipal.
Caso as multas sejam consideradas nulas, os condutores poderão solicitar restituição do valor pago e, se houve pontuação na CNH, pedir o cancelamento dos registros. Em situações mais graves, como suspensão ou cassação indevida do direito de dirigir, também será possível buscar reparação judicial.
Inclusive, multas aplicadas em blitze — quando emitidas via talonário eletrônico — poderão ser canceladas, desde que estejam vinculadas ao contrato vencido.
Desde 6 de agosto, novos radares estão em fase de testes na cidade, sem emissão de multas. Os dispositivos também pertencem ao Consórcio Cidade Morena, o que, segundo a ação, levanta suspeitas de direcionamento em futura licitação.
De acordo com a Agetran, apenas após o fim dos testes e a assinatura de contrato os equipamentos serão implantados de forma definitiva. No entanto, sem processo licitatório prévio, o acordo não poderá ser formalizado legalmente.
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