Política / Eleições 2026
Fábio Trad aposta em Lula e discurso de mudança para enfrentar favoritismo de Eduardo Riedel em MS
Mesmo atrás nas pesquisas, pré-candidato do PT avalia cenário aberto para 2026 e mira alinhamento nacional como eixo central da campanha
19/12/2025
12:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Pré-candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul pelo PT, o advogado e ex-deputado federal Fábio Trad reconhece o cenário adverso imposto pelas pesquisas eleitorais, mas sustenta que a disputa de 2026 está longe de ser definida. Em entrevista, Trad afirma que sua pré-candidatura se estrutura em dois pilares centrais: a defesa de um novo modelo de Estado e a construção de um palanque fortemente alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja participação direta na campanha considera decisiva.
Levantamento recente do Instituto Novo Ibrape, divulgado com exclusividade pelo Campo Grande News, aponta o governador Eduardo Riedel (PP) com 44,1% das intenções de voto na pesquisa estimulada, contra 9,8% de Fábio Trad. Na pesquisa espontânea, a diferença é ainda maior: 11,5% a 0,2%, indicando forte recall eleitoral do atual governador.
Apesar disso, Trad aparece à frente de nomes tradicionais da política estadual, como o ex-governador Zeca do PT e o senador Nelsinho Trad (PSD), que hoje atuam em campos políticos distintos.
Para o pré-candidato, os números não inviabilizam o projeto.
“Mesmo que o campo progressista esteja atrás agora, ele não pode deixar de apresentar uma mensagem democrática, progressista e alinhada aos ideais do governo Lula”, afirmou.
Fábio Trad defende que a candidatura não deve ser medida apenas pelo desempenho momentâneo nas pesquisas. Ele aposta na consolidação de um discurso de mudança gradual, capaz de dialogar com setores do eleitorado historicamente distantes do PT no Estado.
“Se a candidatura se confirmar, vou propor um modelo de governo diferente do atual, baseado em outra concepção de Estado, onde desenvolvimento e justiça social caminhem juntos”, disse.
A crítica ao governo Eduardo Riedel não se limita ao campo ideológico. Segundo Trad, a gestão estadual adota uma lógica excessivamente empresarial.
“É um governo que opera sob a lógica empresarial e que não conseguiu colocar o povo no centro do pacto político”, avaliou.
Sem antecipar propostas detalhadas, o pré-candidato afirmou que pretende focar em transparência, avaliação de políticas públicas e resultados concretos, especialmente em áreas sensíveis como segurança pública e educação.
“A eleição ainda está distante. Esse debate precisa amadurecer”, afirmou.
Na avaliação do cientista político Paulo Catanante Filho, diretor-presidente do Instituto Novo Ibrape, o atual cenário reflete principalmente o peso da máquina administrativa e a percepção de continuidade.
“O governador tem avaliação positiva próxima de 80%. Em contextos assim, a tendência natural do eleitor é manter o status quo”, explicou.
Segundo ele, pesquisas realizadas com mais de um ano de antecedência tendem a favorecer quem ocupa o cargo.
“A estimulada, neste momento, diz pouco sobre o resultado final”, ponderou.
Ainda assim, Catanante reconhece que a pesquisa espontânea indica um favoritismo consistente.
“Quando a espontânea dá 11,5 a 0,2, há um favorito claro. Não significa eleição decidida, mas mostra uma largada muito desigual”, afirmou.
O analista aponta obstáculos estruturais para Trad, como o histórico recente de derrotas do PT em Mato Grosso do Sul, a ausência de prefeitos no campo petista e a dificuldade de montar uma base municipal competitiva.
Esse diagnóstico é compartilhado pelo próprio Trad, que admite depender fortemente do cenário nacional. Ele confirmou que deve se reunir com Lula em janeiro e afirmou que a definição sobre o grau de envolvimento do presidente será determinante para a consolidação da candidatura.
“Preciso saber se o presidente quer, de fato, que Mato Grosso do Sul tenha um palanque para sustentar as bandeiras do seu governo”, declarou.
Para Paulo Catanante, essa estratégia faz sentido.
“A principal âncora competitiva do Fábio é o Lula. O PT, isoladamente, tem alta rejeição no Estado, mas Lula obteve cerca de 40% dos votos no segundo turno. Existe uma base que pode ser trabalhada”, analisou.
O cientista político destaca, porém, que Eduardo Riedel não se apresenta como um governador ideologicamente radical, o que dificulta uma polarização tradicional.
“Ele dialoga com eleitores de diferentes campos políticos”, afirmou.
Apesar do quadro desfavorável, analistas e o próprio pré-candidato concordam que a eleição ainda depende de múltiplas variáveis: alianças partidárias, ambiente nacional, definição do palanque presidencial no Estado e o papel de lideranças nacionais na campanha.
“Pesquisa é um retrato do momento. A eleição depende de fatos novos”, resumiu Catanante.
Para Fábio Trad, a disputa de 2026 também representa a chance de recolocar no centro do debate o papel do Estado e o alinhamento de Mato Grosso do Sul com o governo federal.
“O Estado pode e deve se beneficiar mais das políticas nacionais. Isso exige coerência política e clareza de projeto”, concluiu.
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