Campo Grande (MS), Segunda-feira, 03 de Novembro de 2025

Política / Partidos

Crise na federação entre União Brasil e PP ameaça estabilidade da base governista em Mato Grosso do Sul

Impasses nacionais entre Ciro Nogueira e Ronaldo Caiado refletem nas articulações locais e podem alterar a composição das chapas proporcionais do grupo de Eduardo Riedel

03/11/2025

07:30

DA REDAÇÃO

A indefinição sobre a federação partidária entre o União Brasil e o Progressistas (PP), anunciada em agosto, está gerando tensões internas e incertezas eleitorais em várias regiões do país — e em Mato Grosso do Sul, a situação começa a preocupar as lideranças que integram o bloco governista. A demora na oficialização da união e a proximidade do calendário eleitoral aumentam o risco de fragmentação das alianças no Estado.

No plano nacional, o impasse é protagonizado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira. Enquanto Caiado insiste em lançar sua candidatura à Presidência da República, Ciro defende abertamente o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como principal candidato da direita. A divergência se tornou pública após declarações de Ciro à imprensa, nas quais ele não mencionou Caiado entre os presidenciáveis do campo conservador, o que motivou resposta imediata do goiano.

“Ciro tenta a todo momento ignorar a nossa pré-candidatura. Eu disse a ele que nunca vi um presidente de partido, como Gilberto Kassab (PSD) ou Marcos Pereira (Republicanos), falar mal de seus pré-candidatos. Quando você constrói uma federação, o objetivo é colocar esse agrupamento para disputar eleições, e não buscar vantagens pessoais”, afirmou Caiado à revista Veja.

Repercussões em Mato Grosso do Sul

Em Mato Grosso do Sul, o clima é de cautela, mas lideranças do PP e do União Brasil garantem que o entendimento entre os presidentes nacionais Luciano Bivar (União) e Ciro Nogueira (PP) continua firme.

“Rueda e Ciro se entendem muito bem. Está 99% de boa”, afirmou uma liderança estadual ao comentar o cenário.

Ainda assim, se o “1% de dúvida” prevalecer e a federação for desfeita, o impacto direto será sobre a chapa governista liderada por Eduardo Riedel (PP), que conta com Reinaldo Azambuja (PL) e Tereza Cristina (PP) como principais articuladores. Nesse caso, toda a formatação das coligações proporcionais teria de ser revista, ampliando a disputa interna entre os partidos aliados.

Atualmente, o grupo tenta restringir a coligação a três legendas principais para as eleições de deputado estadual e federal. Entretanto, MDB, PSD, Republicanos e PSDB competem pela terceira vaga na composição que já inclui PP e PL, o que torna o equilíbrio político mais delicado.

Efeitos sobre Rose Modesto e União Brasil

A deputada Rose Modesto (União Brasil) é apontada como a principal afetada em caso de rompimento da federação. Hoje, Rose ocupa posição privilegiada na chapa conjunta União-PP, sendo considerada forte candidata à campeã de votos para deputada federal.

Sem a federação, o União precisará lançar chapa própria com pelo menos oito pré-candidatos, o que reduz as chances de eleição e eleva a competição interna. Diante disso, cresce a especulação de que Rose poderia mudar de sigla para garantir um cenário mais seguro eleitoralmente.

Impasse estratégico na base governista

Além de dificultar a composição de candidaturas, a indefinição nacional cria instabilidade dentro do grupo de Riedel. O bloco busca projetar unidade para enfrentar o pleito de 2026, mas a falta de consenso entre as lideranças nacionais de PP e União Brasil pode fragilizar a base do governo estadual.

Caso a federação não seja consolidada até o início de 2026, o União Brasil corre o risco de ficar fora da coligação governista, abrindo espaço para negociações com outros partidos e, possivelmente, reorganizando o mapa político sul-mato-grossense.

Resumo:

A disputa entre Ronaldo Caiado e Ciro Nogueira ultrapassou os limites nacionais e começa a ecoar em Mato Grosso do Sul, onde a federação PP–União Brasil é peça-chave na sustentação política do governo de Eduardo Riedel. Caso a união não se concretize, a chapa governista pode se fragmentar, gerando novos cálculos eleitorais e abrindo margem para mudanças significativas no xadrez político estadual.

 

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