Política / Partidos
Condenação de Bolsonaro não muda planos da direita em Mato Grosso do Sul, avaliam analistas
Especialistas apontam que Azambuja e Riedel seguem fortalecidos e podem até se beneficiar do afastamento do ex-presidente do PL
13/09/2025
08:45
CE
DA REDAÇÃO
Da esquerda para a direita, Braga Netto, Reinaldo Azambuja, Tereza Cristina, Jair Bolsonaro, Tenente Portela e Eduardo Riedel ©ARQUIVO
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a mais de 27 anos de prisão em regime fechado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) não deve alterar o cenário político da direita em Mato Grosso do Sul para as eleições gerais de 2026. A avaliação é dos cientistas políticos Daniel Miranda, professor da UFMS, e Tércio Albuquerque, que analisaram os impactos locais da decisão.
Segundo Miranda, o afastamento político de Bolsonaro já estava precificado desde que sua inelegibilidade foi declarada meses atrás. Assim, nomes como o ex-governador Reinaldo Azambuja (PL), pré-candidato ao Senado, e o governador Eduardo Riedel (PP), que deve disputar a reeleição, não dependem diretamente da figura do ex-presidente.
“Ele sabe, seus apoiadores sabem, todo mundo sabe que não será candidato em 2026. A dupla Azambuja e Riedel nunca precisou efetivamente de Bolsonaro para se eleger aqui no Estado”, destacou Miranda, lembrando disputas anteriores contra bolsonaristas radicais, como o ex-deputado Capitão Contar (PRTB) em 2022 e Beto Figueiró (Novo) em 2024.
Com a filiação ao PL, Azambuja passa a ter mais espaço para se alinhar ao discurso bolsonarista sem mediações internas. Para Miranda, se Bolsonaro for preso, o ex-governador terá ainda mais liberdade para consolidar apoios:
“Se Bolsonaro for preso mesmo, aí é que não vai poder atrapalhar, como em 2022, quando declarou voto em Contar no fim do 1º turno”, disse.
O cientista político Tércio Albuquerque observou que a reação à condenação de Bolsonaro foi marcada por silêncio, contrariando expectativas de manifestações ou protestos:
“Todos esperavam quebra-quebra e mobilização nas ruas. Não houve nada. Isso mostra que a radicalização perdeu força”, avaliou.
Na visão de Albuquerque, a direita em Mato Grosso do Sul caminha para uma versão mais equilibrada e pragmática, o que pode beneficiar nomes como Azambuja, que tenta atrair o eleitorado bolsonarista “light”.
“Quem estiver no Estado vai precisar trabalhar com moderação. O radicalismo perde força a partir de agora, enquanto a direita mais light tende a ganhar espaço”, acrescentou.
Ambos os analistas concordam que a condenação reforça uma mudança no perfil da direita em Mato Grosso do Sul: menos dependente de Bolsonaro e mais aberta a estratégias moderadas, alinhadas ao eleitorado que rejeita extremismos. Ainda assim, lembram que a defesa do ex-presidente deve recorrer da decisão, mas o impacto eleitoral já se mostra limitado.
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