Interior / Terenos
Operação Velatus revela planilha com repasses de propina ao prefeito de Terenos
Investigação aponta fraude em licitações, destruição de documentos e desvio de R$ 15 milhões em obras públicas
12/09/2025
07:15
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
A Operação Velatus, conduzida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul e autorizada pelo Tribunal de Justiça, trouxe à tona novos indícios de corrupção na Prefeitura de Terenos. A investigação, que resultou em 16 prisões preventivas e 59 mandados de busca e apreensão, identificou fraudes em licitações que desviaram cerca de R$ 15 milhões em obras públicas e revelou a existência de uma planilha com repasses de propina destinados ao prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB).
Segundo o relatório, houve destruição e supressão de documentos dentro do Executivo municipal, em tentativa de dificultar a coleta de provas. O MP apontou ainda a manipulação de propostas em certames públicos: investigados chegaram a trocar documentação licitatória fora do prazo, simulando legalidade para manter o esquema ativo.
As apurações indicam que empresários Sandro José Bortoloto (Angico Construções) e Cleberson José Chavoni (Bonanza Comércio e Serviços) atuavam como um único grupo empresarial oculto, combinando previamente qual empresa seria declarada vencedora dos certames.
Mensagens apreendidas mostram Sandro e Cleberson discutindo estratégias com servidores da prefeitura, incluindo o chefe de gabinete Tiago, para direcionar editais e evitar suspeitas.
Sete dias antes da publicação do edital para reforma e ampliação da Escola Municipal Rosa Idalina Braga Barboza, o empresário Sandro já debatia valores diretamente com a gestão. Ele chegou a sugerir o orçamento de R$ 2 milhões e contratou uma engenheira civil 20 dias antes da abertura oficial da licitação, evidenciando o prévio direcionamento.
Um dos contratos fraudados, a Tomada de Preços 006/2022, referente à construção de um bloco da Escola Jamic, foi vencido pela empresa Angico por R$ 2,788 milhões. Nesse caso, a propina destinada ao prefeito Henrique Budke teria chegado a R$ 255 mil, equivalente a 7,5% do valor da obra.
As provas incluem conversas de WhatsApp, dados bancários e cruzamento de informações. A planilha elaborada por ordem de Sandro, com apoio do então secretário de Obras Isaac Cardoso Bisneto, registra repasses feitos ao prefeito entre fevereiro e novembro de 2023, além de um depósito em fevereiro de 2024. Entre os valores repassados estão:
R$ 14 mil
R$ 9 mil
R$ 35 mil
R$ 30 mil
R$ 17 mil
R$ 80 mil
R$ 50 mil
R$ 20 mil
Um dos depósitos, de R$ 35 mil, foi feito em nome da avó do secretário Isaac, configurando lavagem de dinheiro. Outros valores, como R$ 80 mil, R$ 50 mil e R$ 20 mil, foram transferidos para a empresa Conect Sistemas Elétricos, de Eduardo Schoier, apontado como “testa de ferro” de Budke.
De acordo com a investigação, o grupo teria fraudado e direcionado a Tomada de Preços 006/2022 sob a liderança direta do prefeito Henrique Budke, em parceria com o secretário de Obras Isaac Cardoso Bisneto e os empresários Sandro José Bortoloto e Cleberson José Chavoni.
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