Política / Câmara Federal
Hugo Motta diz que não decidirá sozinho sobre anistia do 8 de Janeiro e levará tema aos líderes da Câmara
Requerimento do PL tem apoio de 264 deputados, incluindo maioria da base do governo; STF e Executivo se opõem à proposta
15/04/2025
18:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta terça-feira (15) que não tomará decisão individual sobre o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A declaração veio após a formalização de um requerimento de urgência para tramitação da proposta, que recebeu apoio de 264 parlamentares, sete a mais que o mínimo necessário.
Segundo Motta, o tema será levado ao Colégio de Líderes, instância que reúne representantes das bancadas partidárias, além de representantes do governo, oposição, minoria e maioria. A decisão pode adiar ou até inviabilizar a votação em plenário nas próximas semanas, considerando o feriado prolongado e o esvaziamento da Casa.
“Democracia é discutir com o Colégio de Líderes as pautas que devem avançar. Em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho”, publicou Motta no X (antigo Twitter).
A proposta foi articulada pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e teve o requerimento de urgência protocolado pelo líder da sigla, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), nesta segunda-feira (14). A estratégia foi acelerar a tramitação antes que o Executivo pudesse negociar a retirada de assinaturas de parlamentares aliados, algo que já vinha ocorrendo nos bastidores.
Apesar da iniciativa partir da oposição, o requerimento recebeu assinaturas de 264 deputados, dos quais 55% integram partidos com ministérios no governo Lula, e 61% pertencem a siglas da base aliada contempladas com cargos no segundo escalão. O número mínimo necessário para protocolar o pedido é de 257 deputados.
Se o requerimento for pautado por Hugo Motta e aprovado em plenário com ao menos 257 votos, o projeto poderá ser votado diretamente, sem passar por comissões temáticas, o que acelera o processo legislativo.
A proposta de anistia enfrenta forte resistência do Supremo Tribunal Federal (STF) e de setores do Executivo, que consideram a medida uma afronta ao Estado Democrático de Direito e à independência do Judiciário, responsável pelas condenações.
A defesa da anistia tem mais força nas bancadas do Sul e Centro-Oeste, onde mais de 70% dos deputados assinaram o requerimento. Já no Nordeste, onde o presidente Lula (PT) mantém maior popularidade, apenas 33% dos parlamentares apoiaram a proposta. No Sudeste, a divisão foi acirrada: 53% dos deputados endossaram o pedido.
A próxima reunião do Colégio de Líderes está prevista para o dia 24 de abril, e até lá, a tramitação do projeto ficará sob expectativa de negociação política e articulação com os demais Poderes.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Papa Francisco é velado na Basílica de São Pedro; funeral será no sábado com presença de chefes de Estado
Leia Mais
Assembleia Legislativa vota projeto que permite remuneração de dirigentes de entidades assistenciais em MS
Leia Mais
Desembargadores afastados pela Operação Última Rátio retornam ao TJMS nesta terça-feira (22)
Leia Mais
Papa Francisco morre aos 88 anos após AVC e falência cardíaca no Vaticano
Municípios