Grupo protesta contra a imunização com "cemitério" das "vítimas" da vacina
Manifestantes também criticaram exigência do passaporte vacinal e a vacinação das crianças
22/01/2022
18:15
CAMPOGRANDENEWS
Adriano Fernandes e Caroline Maldonado
Placas com nomes das 55 supostas vítimas das vacinas contra a covid-19 pelo mundo. ©Paulo Francis
Cerca de 100 manifestantes, se reuniram na Praça Ary Coelho na tarde deste sábado (22) em Campo Grande, para protestar contra a vacinação da covid-19 e outras medidas de prevenção ao novo coronavírus. Com bandeiras do Brasil, vestidos de verde e amarelo e sem máscaras, os anti-vacinas fixaram 55 placas no canteiro da praça, com as fotos das supostas vítimas que morreram pelo mundo, após tomarem os imunizantes contra a novo coronavírus.
Uma das imagens usadas no “cemitério simbólico” foi a de uma jovem de São Gabriel do Oeste, Leticia Balzan Martinez Biral, de 24 anos, cuja causa da morte o grupo atribuiu à vacina Aztrazeneca. Letícia teve morte encefálica 15 dias depois de tomar o imunizante.
Participante do protesto, a médica Sirlei Ratier, de 73 anos, comparou às vacinas a “experimentos”. “Com certeza essa vítima do ‘experimento' não é a única em Mato Grosso do Sul. Estão subestimando essas notificações de vitimas. Vai ter que morrer muita gente para que o povo acorde. Este ‘experimento' não impede o vírus de ser disseminado e está matando”, comentou.
Os manifestantes também criticaram a exigência de passaporte vacinal e a liberação da imunização de crianças no país, por conta do risco de reações adversas como a miocardite.
“É um absurdo isso que esta acontecendo no país, ainda mais agora que foi noticiado que aplicaram vacinas de adultos em crianças”, comentou a integrante do Instituto Conservador e uma das organizadoras do evento, Isis Fernanda Landero, de 39 anos.
A crítica da manifestante diz respeito ao levantamento da AGU (Advocacia Geral da União), divulgado nesta semana, informando que 280 crianças do Estado, de 5 a 11 anos, teriam sido vacinadas com imunizantes da Pfizer de dosagem para adultos. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), no entanto, negou a informação. O dado, retirado da RDNS (Rede Nacional de Dados em Saúde), é alimentado pelos estados e municípios e pode conter erros, já que a inclusão é feita manualmente.
Os manifestantes ainda distribuíram panfletos com dados de supostos efeitos adversos causados pelas vacinas da covid-19 entre pessoas do mundo todo. Os números foram compilados a partir do portal norte-americano VAERS (Vaccine Adverse Event Reporting System), que apesar de ter respaldo da agência reguladora federal de saúde e vigilância sanitária dos Estados Unidos, reúne relatos pessoais não verificados sobre efeitos colaterais.
Na prática, qualquer pessoa que achar que uma vacina é responsável por um efeito colateral pode fornecer as informações ao sistema, independentemente da relação com a vacina ter sido comprovada. A defesa do tratamento precoce contra a covid-19 com os medicamentos do chamado “kit covid” também foi uma das “bandeiras” da manifestação.
“Não podemos ser impedidos de fazer um tratamento. Toda doença precisa de diagnostico e tratamento é uma barbaridade o que acontece na nossa cidade e e no Brasil”, disse do alto de carro de som o medico cardiologista João Jackson Duarte.
“A doença mudou desde o início da pandemia, já sofreu mais de 50 mutações esse é mais um dos motivos de não acreditar na eficácia das vacinas”, disse. Quem também discursou durante a manifestação foi o procurador de justiça, Sérgio Harfouche. O magistrado citou a constituição ao argumentar que ninguém deve ser obrigado a aderir a uma vacina ou determinado tratamento.
“Não sou formado em medicina, mas temos milhares de médicos honestos, que estão dizendo que a vacina não é segura”, pontuou. O vereador Alirio Villasanti (PSL) também participou da manifestação. A iniciativa desta tarde fez parte de um movimento mundial contra a vacinação e reuniu integrantes de diversos movimentos conservadores, como “QG Voluntários do Bolsonaro” “Marcha pela Família”, "Mães Leoas" e outros.
Vacinação de crianças - O Ministério da saúde autorizou a vacinação para crianças de 5-11 anos neste mês, com base em estudos de eficácia do CDC (Centro de Controle de Doenças ) dos Estados Unidos. A vacina foi considerada segura após a experiência da aplicação de 8,7 milhões de doses de vacinas em crianças nessa faixa etária.
"Dessas 8,7 milhões de doses, foram notificados 4.249 eventos adversos, o que representa apenas 0,049% das doses aplicadas. A grande maioria (97,6%) dos efeitos notificados foi leve a moderado, como dor no local da injeção, fadiga ou dor de cabeça”, conforme a pediatra e pesquisadora clínica da Fiocruz, Daniella Moore.
Com relação a ocorrência de miocardite pós-vacinal, a experiência de vacinação nos Estados Unidos mostrou que esta é uma condição raríssima e que quando ocorre tende a ter uma evolução satisfatória. No relatório do CDC foram observados apenas 11 casos de miocardite em 8,7 milhões de doses aplicadas da vacina na faixa etária de 5 a 11 anos nos Estados Unidos, todos com evolução favorável. A OMS (Organização Mundial da Saúde) também atesta que é seguro e eficaz vacinar crianças.
Eficácia das vacinas - Vale ressaltar que atualmente a maioria dos novos casos e mortes por covid-19 no Brasil, tem sido de pessoas que não tomaram a vacina contra o novo coronavírus. A vacinação também tem tido impacto positivo na redução das internações. A maioria das pessoas que se reinfectaram com o vírus após tomar pelo menos uma dose da vacina, tem tido sintomas leves e sem necessidade de hospitalização, conforme o Observatório Covid-19 da Fiocruz.
Efeitos adversos - Qualquer vacina possui efeitos adversos, que podem ser mais ou menos graves, mas todas as vacinas contra a covid-19 passaram por testes rigorosos e se mostraram eficazes e seguras contra a covid-19, conforme o Instituto Butantan, referência na produção de imunizantes no país. No Brasil, mesmo os efeitos adversos mais graves analisados tem sido considerados raros e por isso, não motivaram a suspensão da aplicação das vacinas.
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