Agro / Sustentabilidade
Pecuária sustentável: tecnologia e manejo eficiente reduzem emissões e colocam o setor como aliado do clima
Com a proximidade da COP 30, especialistas destacam avanços que mostram como o campo brasileiro pode produzir mais e emitir menos gases de efeito estufa
06/11/2025
15:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Às vésperas da COP 30, o debate sobre mudanças climáticas ganha força, e o agronegócio brasileiro — especialmente a pecuária — mostra que pode ser parte da solução. Com base em tecnologia, manejo sustentável e inovação, o setor vem se transformando em um modelo de eficiência produtiva e de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Segundo Diego Guidolin, consultor do Departamento Técnico da Famasul, o avanço da ciência tem permitido que o campo evolua com responsabilidade ambiental.
“Animais mais produtivos e geneticamente superiores convertem melhor o alimento em carne ou leite, permanecem menos tempo no sistema e, com isso, emitem menos metano por quilo produzido. É um ganho duplo, tanto ambiental quanto econômico”, afirma o especialista.
A melhoria genética e o manejo nutricional de precisão são pilares da pecuária de baixo carbono. Dietas balanceadas, suplementação estratégica e bem-estar animal reduzem a fermentação ruminal — principal fonte de metano entérico —, enquanto o tempo menor de abate eleva a eficiência e diminui a pegada de carbono por tonelada de carne produzida.
O manejo de pastagens também é destaque: ele melhora a ciclagem de nutrientes, reduz a compactação do solo e aumenta a infiltração de água, criando um ambiente favorável ao sequestro de carbono. A recuperação de áreas degradadas e os sistemas integrados ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) fortalecem esse processo, restaurando solos e evitando a abertura de novas áreas.
“Ao restaurar áreas de baixa produtividade, o produtor promove o acúmulo de matéria orgânica e o aumento dos estoques de carbono no solo, reduzindo a concentração atmosférica de CO₂”, explica Guidolin.
Nos confinamentos, o uso de biodigestores tem transformado dejetos em biogás e biofertilizantes, substituindo insumos químicos e diminuindo emissões de óxidos de nitrogênio (N₂O). A compostagem e a fertirrigação completam o ciclo, garantindo o reaproveitamento total dos nutrientes e gerando energia limpa no campo.
A pecuária digital é outro marco da sustentabilidade. Sensores, softwares e plataformas de gestão permitem o monitoramento das emissões em tempo real, acompanhando indicadores como produção de metano, consumo alimentar e temperatura corporal dos animais. Essa base de dados auxilia produtores na tomada de decisão e na adoção de práticas mais sustentáveis e rastreáveis.
Essas práticas estão alinhadas a políticas como o Plano ABC+, o PNPB (Plano Nacional de Pecuária de Baixo Carbono) e o Precoce MS, que estabelecem diretrizes técnicas para manejo sustentável, integração lavoura-pecuária-floresta e mitigação de emissões.
Certificações como Carne Carbono Neutro e Carne Baixo Carbono reforçam a transparência e o valor de mercado dos produtos brasileiros.
O setor também avança em projetos de crédito de carbono, que valorizam o sequestro de carbono em pastagens e o manejo regenerativo.
Segundo estimativas, o mercado global de créditos de carbono ligados à pecuária deve saltar de US$ 3,8 bilhões (2024) para mais de US$ 14 bilhões até 2032, com crescimento anual próximo de 30%.
“O caminho para uma pecuária de baixo carbono já está traçado. Precisamos ampliar políticas de incentivo, difundir conhecimento técnico e fortalecer a governança do setor. Assim, o Brasil consolida seu papel como líder mundial na produção sustentável de alimentos e na busca pela neutralidade climática até 2050”, conclui Guidolin.
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