Campo Grande (MS), Domingo, 26 de Outubro de 2025

Política / Eleições 2026

Falta de pré-candidatos expõe força política de Riedel e estratégia dos partidos, avalia cientista político

Governador segue isolado na corrida pela reeleição em 2026, enquanto siglas calculam tempo e alianças

26/10/2025

10:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

A menos de um ano das eleições de 2026, o cenário político de Mato Grosso do Sul permanece atípico: até o momento, apenas o governador Eduardo Riedel (PP) confirmou publicamente seu projeto de reeleição. A ausência de adversários definidos chama atenção e reflete tanto a força política do atual governo quanto as estratégias de espera adotadas pelos partidos.

Segundo o cientista político Daniel Estevão, professor e doutor na área, essa escassez de nomes, embora cause surpresa, é relativamente natural em anos de reeleição.

“O governador tem a vantagem de já estar no cargo, o que lhe permite se organizar e expor seus planos de continuidade. Já quem pretende concorrer contra ele precisa calcular muito bem quando se lançar, pois antecipar-se demais pode gerar desgaste e ataques precoces”, explica o especialista.

Grupo político consolidado desestimula adversários

O professor destaca que a estrutura de alianças herdada da gestão de Reinaldo Azambuja (PL) segue firme sob Riedel e reduz o espaço para candidaturas competitivas.

“O grupo do atual governo é muito consolidado. Ele envolve um arco de alianças partidárias amplo, que até pouco tempo incluía o próprio PT, o que mostra como o poder de articulação do governador é expressivo”, analisa Estevão.

A base de apoio sólida, somada à estabilidade administrativa e ao bom trânsito de Riedel entre diferentes legendas, dificulta o surgimento de um nome viável que reúna estrutura, discurso e tempo de televisão suficientes para polarizar a disputa.

Pré-candidaturas ainda incertas

O deputado federal Marcos Pollon (PL) já manifestou intenção de disputar o governo, mas enfrenta impasse partidário — seu partido apoia oficialmente a reeleição de Riedel. Caso insista na candidatura, precisará trocar de legenda durante a janela partidária de 2026.

No campo da esquerda, o PT afirma que lançará candidatura própria, mas tenta convencer o ex-deputado Fábio Trad a assumir o papel de principal adversário. Enquanto isso, outras siglas aguardam o desenrolar das alianças nacionais e a definição dos palanques presidenciais antes de se posicionar no estado.

Contexto histórico

A baixa quantidade de pré-candidatos não é novidade em Mato Grosso do Sul. O professor Daniel Estevão lembra que, em anos de reeleição, o cenário costuma ser menos fragmentado:

  • 2002 (Zeca do PT), 2010 (André Puccinelli) e 2018 (Reinaldo Azambuja) registraram disputas concentradas, com poucos concorrentes competitivos;

  • A exceção foi 2022, quando o pleito teve vários nomes fortes até as vésperas da votação, incluindo Riedel, Capitão Contar (PRTB), Rose Modesto (União) e Giselle Marques (PT).

“A eleição de 2022 foi atípica. Tivemos quatro ou cinco candidatos com chances reais de ir ao segundo turno. Mas esse nível de fragmentação não é o padrão em anos de reeleição”, afirma Estevão.

Cenário nacional influencia estratégia local

O cientista político também relaciona o quadro estadual à conjuntura nacional.

“A polarização política e a necessidade dos grandes partidos de articular palanques estaduais para as campanhas presidenciais fazem com que as legendas analisem com cautela suas estratégias regionais”, observa.

Nesse contexto, as siglas esperam definições em Brasília para alinhar apoios e recursos, enquanto Riedel ocupa sozinho o protagonismo político em MS, ampliando sua visibilidade e consolidando a imagem de continuidade administrativa.


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