Campo Grande (MS), Terça-feira, 07 de Outubro de 2025

Política / Assembleia Legislativa

“Não podemos permitir”: deputadas de MS repudiam ataques racistas e machistas contra delegada de Dourados

Lia Nogueira, Gleice Jane e Mara Caseiro cobram punição aos autores das ofensas contra Thays do Carmo e apresentam moções e requerimentos em defesa da delegada

07/10/2025

11:00

DA REDAÇÃO

Lia Nogueira, Gleice Jane e Mara Caseiro

As deputadas estaduais de Mato Grosso do Sul se manifestaram com indignação nesta terça-feira (7) sobre os ataques racistas e machistas sofridos pela delegada adjunta de Dourados, Thays do Carmo Oliveira Bessa, durante uma entrevista ao vivo na última quinta-feira (2). O episódio, registrado como injúria racial, provocou repercussão nacional e mobilizou o plenário da Assembleia Legislativa.

Durante a sessão, a deputada Lia Nogueira (PSDB) leu em voz alta alguns dos comentários ofensivos feitos nas redes sociais e repudiou com veemência o teor das mensagens.

“Os comentários são deploráveis, isso demonstra o machismo e o ódio. É por isso que nos matam em Mato Grosso do Sul, no país. Nós, enquanto representantes femininas, não podemos permitir e admitir uma enxurrada de comentários machistas. Lugar de criminoso não é na rede social, é na cadeia”, afirmou.

A parlamentar também apresentou um requerimento ao Ministério Público Estadual (MPMS) e à Corregedoria da Polícia Civil para apuração do caso.

“Não podemos deixar que mulheres sejam linchadas, agredidas e expostas dessa forma”, acrescentou.

Moções e apoio institucional

A deputada Gleice Jane (PT) apresentou uma Moção de Apoio à delegada, em repúdio às ofensas misóginas e racistas.

“É inadmissível que uma policial sofra ataques durante seu trabalho, como os que ela sofreu. As agressões revelam o racismo e a misoginia. Tentar desqualificar a imagem pública da delegada não só fere sua honra e dignidade pessoal, mas atinge todas as mulheres que ocupam espaços de decisão”, declarou.

Já a deputada Mara Caseiro (PSDB) reforçou o apoio à colega de farda e à causa feminina.

“Uma mulher dedicada, profissional, em defesa de outras mulheres, ser alvo desse tipo de manifestação violenta é algo que não podemos aceitar. Precisamos reagir com firmeza”, disse.

O deputado Coronel David (PL) também manifestou solidariedade e solicitou a inclusão de seu nome na Moção de Apoio.

“Precisamos apurar e identificar quem fez tais agressões à delegada”, afirmou.

O presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro (PP), acolheu o pedido e transformou a moção em manifestação oficial da Casa de Leis, assinada pelos 24 deputados estaduais.

“Repudiamos esse ato. Rede social não é terra sem lei. Queremos punição conforme a lei. Quem cometeu esse crime precisa pagar”, declarou o parlamentar, informando que o Legislativo encaminhará pedido formal de providências ao delegado-geral da Polícia Civil.

Entenda o caso

A delegada Thays do Carmo Oliveira Bessa, da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados, concedia uma entrevista à página Folha de Dourados sobre um flagrante de homicídio quando passou a receber comentários preconceituosos ao vivo. O vídeo, de 1 minuto e 50 segundos, viralizou nas redes sociais.

Entre as mensagens, um homem escreveu:

“Delegada feia, tá mais pra ser empregada doméstica aqui da minha casa do que qualquer outra coisa, e tratar ela igual a cachorro aqui.”

Outros comentários faziam referência à aparência física da delegada, em vez de ao caso criminal abordado na entrevista.

Em declaração ao Jornal Midiamax, Thays relatou o impacto do episódio:

“Como profissional e como mulher, sinto indignação ao ver a capacidade do ser humano de se portar dessa maneira.”

A delegada registrou boletim de ocorrência e informou que já está acionando advogado para ingressar com ações cível e criminal contra os responsáveis.

Combate ao racismo e à misoginia

O caso reacendeu o debate sobre violência de gênero e discriminação racial nas redes sociais, crimes que têm previsão de punição na legislação brasileira. A tipificação de injúria racial tem mesma gravidade penal que o racismo, podendo resultar em pena de reclusão.

“As redes sociais não podem ser usadas para reproduzir ódio e preconceito. O que aconteceu com a delegada Thays precisa servir de exemplo”, destacou Lia Nogueira, ao final da sessão.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Jornal do Estado MS © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: