Polícia / Justiça
Secretário afirma que recorde de feminicídios em 2025 é “efeito colateral” do fortalecimento das políticas de proteção às mulheres
Estado registra 37 assassinatos desde janeiro; novembro já é o mês mais letal da década
24/11/2025
16:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, afirmou nesta segunda-feira (24) que o aumento dos feminicídios em Mato Grosso do Sul em 2025 — ano que já supera todo o registro de 2024 — é, em parte, um “efeito colateral” do fortalecimento das estruturas de proteção e acolhimento às mulheres vítimas de violência. A declaração foi dada durante a apresentação do IntegraJus Mulher, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Segundo Videira, muitas mulheres que hoje aparecem nas estatísticas já vinham de anos ou décadas de agressões. A diferença, diz ele, é que agora essas vítimas estão denunciando, encontrando apoio e rompendo ciclos de violência — o que, por sua vez, tem provocado reações mais violentas de agressores históricos.
“Essas mulheres estão sendo acolhidas, estão impondo resistência ao que antes era uma vida de sofrimento. Muitas acabam sendo vítimas nesse processo de ruptura, mas inúmeras outras estão sendo resgatadas após anos de violência”, afirmou.
De acordo com a Sejusp, Mato Grosso do Sul já contabiliza 37 feminicídios em 2025. Só em novembro, ainda sem fechar o mês, seis mulheres foram assassinadas, tornando este o período mais letal da década para vítimas de violência de gênero no Estado. O total já ultrapassa o de 2024, quando 35 mulheres foram mortas.
Mesmo diante dos números crescentes, Videira reforçou que o Estado tem ampliado sua capacidade de resposta e proteção:
“Na medida em que aumentamos a capacidade do Estado de preservar vidas, estamos tirando do sofrimento mulheres que antes não tinham canais para denunciar.”
O secretário afirma que as equipes de segurança têm identificado um novo perfil de casos graves: homens que mantiveram suas companheiras sob agressões sistemáticas durante muitos anos e que, ao perceberem que perderam o controle sobre a vítima, partem para o feminicídio.
“A mulher está empoderada e deixando de aceitar aquilo que, antes, era obrigado a aceitar. Esse rompimento provoca reação de autores que, por décadas, exerceram controle absoluto”, disse Videira.
Videira destacou avanços estruturais que, segundo ele, estão trazendo resultados concretos no enfrentamento à violência doméstica. Entre eles, a integração de sistemas entre Judiciário, Ministério Público, Defensoria, delegacias especializadas e equipes psicossociais, além do uso de soluções tecnológicas como:
intimações realizadas pela Polícia Militar, substituindo procedimentos mais lentos;
expansão de salas lilases em delegacias;
fortalecimento do Promuce e das estruturas do IntegraJus Mulher.
“Compartilhar ferramentas e forças é garantir o bem mais precioso para todos: a vida”, enfatizou.
Questionado sobre medidas para reduzir os índices no próximo ano, o secretário afirmou que o Estado vai ampliar espaços de acolhimento, reforçando estruturas já existentes:
“O IntegraJus já é realidade em todas as delegacias de atendimento à mulher. Nossa meta é ampliar cada vez mais ambientes que garantam segurança e acolhimento para que a mulher possa relatar o que sofre.”
A apresentação desta segunda-feira integrou a campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, marco internacional de mobilização e conscientização.
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