Campo Grande (MS), Sexta-feira, 03 de Outubro de 2025

Política / Eleições 2026

Fator Eduardo Bolsonaro pressiona direita de MS a redefinir estratégia para 2026

Críticas internas, racha no PL e risco de desconexão com o eleitor desafiam lideranças ligadas a Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel

03/10/2025

13:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O avanço da direita em Mato Grosso do Sul, liderada pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PL) e pelo governador Eduardo Riedel (PP), enfrenta um dilema estratégico em meio ao cenário nacional de turbulência no bolsonarismo. Analistas políticos apontam que o “fator Eduardo Bolsonaro” pode transformar a aliança em risco de fragmentação e perda de sintonia com o eleitorado conservador do Estado.

A recente migração em bloco do grupo de Azambuja do PSDB para o PL buscou garantir acesso ao maior fundo eleitoral do país e alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, o comportamento de Eduardo Bolsonaro, hoje atuando dos Estados Unidos e criticado até por aliados, fragilizou a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e acendeu alertas de que o radicalismo pode corroer a unidade da direita nacional.

O risco do “botão do apocalipse”

Segundo o cientista político Leonardo Barreto, da consultoria Think Policey, a atuação internacional de Eduardo abriu fissuras irreversíveis:

“No momento em que Eduardo foi para fora do país criando boicote ao Brasil, o rompimento da direita com o bolsonarismo se tornou inevitável. Ele é o filho mais radical da família, e a direita teme que Bolsonaro ou Eduardo decretem que eleição sem eles não é eleição. Isso poderia implodir o PL”, avaliou.

Barreto acrescenta que a ida em bloco de Azambuja e Riedel para o PL tem lógica política e financeira, mas convive com tensões: “A relação de Valdemar da Costa Neto com Bolsonaro é boa, mas com a família Bolsonaro é instável. O risco é a implosão da própria sigla.”

Desconexão com demandas reais

Em Mato Grosso do Sul, onde o eleitorado é majoritariamente conservador e ligado ao agronegócio, a direita corre o risco de se manter numa “bolha ideológica”, repetindo discursos de anistia e confronto com o STF, mas deixando de lado problemas concretos como saúde, emprego, infraestrutura e segurança pública.

O marqueteiro Duda Lima, estrategista da campanha de Bolsonaro em 2022, alerta para esse erro:

“A oposição errou ao se perder em pautas ideológicas. O eleitor espera debate sobre inflação, fraudes no INSS, aposentadorias. Quanto mais tempo se gasta em defesa de anistia ou julgamento de Bolsonaro, pior para a oposição.”

O que dizem lideranças sul-mato-grossenses

O deputado estadual Capitão Contar (PRTB), pré-candidato ao Senado e cotado para migrar ao PL, reforça a necessidade de união:

“Qualquer movimentação política deve ser feita com cautela para não fortalecer Lula. A direita precisa parar de se fragmentar e se unir em torno de um propósito para 2026. A união entre Zema, Tarcísio e Ratinho Júnior é o caminho”, disse.

Contar destacou ainda que a força da direita em Mato Grosso do Sul está consolidada, mas exige coerência: “O PL assumido por Reinaldo precisa manter as bandeiras e valores defendidos por Bolsonaro. O eleitor espera compromisso ideológico e pragmático.”

Eleição de 2026: risco ou consolidação

Especialistas avaliam que o Estado se tornou um laboratório da guinada à direita. Se a aposta no PL for bem-sucedida, Azambuja e Riedel consolidam hegemonia. Caso contrário, o movimento pode abrir espaço para lideranças moderadas ou alternativas fora do bolsonarismo, mostrando que a onda conservadora perdeu força junto ao eleitor.


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