Política / Justiça
CPMI do INSS prende presidente da Conafer por falso testemunho em investigação sobre fraudes previdenciárias
Carlos Roberto Ferreira Lopes é acusado de mentir em depoimento; entidade teve maior crescimento em descontos de benefícios do INSS
30/09/2025
07:45
DA REDAÇÃO
Foto de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer e depoente desta segunda-feira (29) na CPMI do INSS — Foto: Carlos Moura/Agência Senado
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS prendeu na madrugada desta terça-feira (30) o presidente da Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), Carlos Roberto Ferreira Lopes, acusado de falso testemunho durante sessão realizada na segunda-feira (29), que se estendeu por quase nove horas.
Convocado como testemunha, Lopes não apresentou habeas corpus preventivo que o resguardasse, e acabou detido a pedido do presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG). Após pagar fiança – cujo valor não foi divulgado –, ele foi liberado ainda durante a madrugada.
Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), a Conafer foi a entidade com maior alta no volume de descontos em benefícios previdenciários entre 2019 e 2023, passando de R$ 400 mil para R$ 202 milhões.
A investigação aponta que associações e entidades cadastravam aposentados e pensionistas sem autorização, com assinaturas falsas, para realizar descontos mensais diretamente nos benefícios pagos pelo INSS.
De acordo com o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), a Conafer teria movimentado mais de R$ 800 milhões, dos quais cerca de R$ 140 milhões foram destinados diretamente a Cícero Marcelino, apontado como operador do esquema e principal auxiliar de Lopes.
Durante o depoimento, Lopes apresentou versões contraditórias sobre sua relação com empresas ligadas à Conafer. Ele negou vínculos com Marcelino, mas depois admitiu que o considerava um “amigo e fornecedor de serviços”.
As investigações apontam que Marcelino teria ligação com a Santos Agroindústria Atacadista e Varejista, empresa que recebeu R$ 100 milhões da Conafer. Além disso, documentos indicam que Lopes e Marcelino são sócios em uma empresa offshore em Delaware (EUA), criada supostamente para desenvolver uma fintech voltada à cobrança de mensalidades da confederação.
A deputada Bia Kicis (PL-DF) destacou que Lopes declarou ser sócio apenas da Conafer, mas registros da Receita Federal o apontam também como administrador de empresas em São Félix de Minas (MG) e Brasília (DF).
Documentos do INSS revelam que, entre abril e agosto de 2020, em plena pandemia de Covid-19, a Conafer registrou 95.818 novos associados em apenas quatro meses, o que exigiria mais de 630 autorizações por dia.
Questionada, a entidade alegou que não poderia apresentar documentos comprobatórios porque suas representações estaduais estavam fechadas devido às restrições sanitárias. Esse episódio levou a Diretoria de Benefícios do INSS a pedir a rescisão do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Conafer.
Essa foi a segunda prisão decretada pela CPMI. Na semana anterior, o ex-diretor financeiro de empresas ligadas a “Careca do INSS”, Rubens Oliveira, também foi detido.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 3,5 milhões nesta terça-feira
Leia Mais
Bolsa Família conclui pagamentos de setembro para 182,3 mil famílias em Mato Grosso do Sul
Leia Mais
Assembleia Legislativa de MS vota dez propostas na sessão desta terça-feira
Leia Mais
Câmara de Campo Grande vota projetos de inclusão social, atualização legislativa e criação de datas comemorativas
Municípios