Pragmático, experiente e considerado um dos políticos mais influentes do PT em Mato Grosso do Sul, o deputado federal Vander Loubet, 61 anos, já trabalha para disputar uma vaga no Senado Federal em 2026. Responsável por destinar cerca de R$ 5 bilhões em emendas parlamentares ao longo de seis mandatos consecutivos, Vander é visto internamente como o nome capaz de devolver ao partido uma cadeira no Senado após dez anos da cassação de Delcídio do Amaral (PT).

Natural de Porto Murtinho e sobrinho do ex-governador Zeca do PT, Vander construiu sua trajetória dentro do partido desde 1981, quando participou da fundação da legenda no Estado. Ao longo de quatro décadas, foi secretário, tesoureiro e presidente dos diretórios municipal e regional, além de coordenar campanhas históricas do tio.

O homem do pragmatismo

No início da carreira, ganhou espaço nos bastidores ao garantir a governabilidade de Zeca do PT em 1999, quando apenas três dos 24 deputados estaduais compunham a base do governo. Com articulação, conseguiu aprovar o Fundersul (Fundo de Desenvolvimento Rodoviário), que interligou 16 cidades com asfalto e alavancou o desenvolvimento de MS.

Também atuou na criação do Fundo de Investimento Social (FIS), que beneficiou 90 mil famílias, e nos fundos de cultura (FIC) e esporte (FIE). Posteriormente, foi secretário estadual de Obras e concluiu projetos herdados de administrações anteriores.

As derrotas e a Lava Jato

Apesar do sucesso como articulador, Vander enfrentou derrotas eleitorais em Campo Grande, quando tentou a prefeitura em 2004 e 2012. Além disso, viveu o momento mais delicado da carreira durante a Operação Lava Jato, ao ser acusado de receber propina de R$ 1 milhão. Ele teve os bens bloqueados e virou réu por corrupção passiva, mas foi absolvido por unanimidade pelo STF.

“Foi um momento difícil, mas sempre andei de cabeça erguida. Orgulho-me de nunca ter sido abandonado pela família e pelo partido e de ter sido absolvido, inclusive com voto do ministro Edson Fachin”, disse.

O senador do Lula

Agora, aos 61 anos, Vander avalia que chegou a hora de mudar de casa no Congresso Nacional:

“É o meu momento de tentar o Senado, pela experiência adquirida e pela oportunidade de ajudar o Lula em uma casa que será o foco das eleições de 2026.”

Desde Delcídio, em 2010, o PT não conseguiu eleger outro senador em MS. Vander aposta na força de Lula, que obteve 40% dos votos no Estado em 2022, e na sua capacidade de dialogar com prefeitos de diferentes partidos.

A presença da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), ainda é um fator de indefinição. Caso dispute o Senado por Mato Grosso do Sul com o apoio de Lula, pode dividir a base governista. Se transferir o domicílio eleitoral para São Paulo, o caminho ficaria aberto para Vander.

Histórico de candidaturas ao Senado pelo PT em MS

• 2014 – Ricardo Ayache (PT) ficou em 2º lugar, atrás de Simone Tebet (MDB).

• 2018 – Zeca do PT obteve mais de 290 mil votos, mas perdeu para Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (Podemos).

• 2022 – Tiago Botelho (PT) alcançou 13,07%, em 3º lugar, atrás de Tereza Cristina (PP).