Política Internacional
Trump evita citar Lula e sinaliza interesse em diálogo, avalia analista do Council of the Americas
Brian Winter aponta que ex-presidente americano pode buscar aproximação em temas como big techs, minerais estratégicos e imigração
26/08/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A crise gerada pela imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos transformou a tradicional conferência anual da Americas Society/Council of the Americas, realizada nesta terça-feira (26) em São Paulo, em um espaço de debate sobre o futuro da relação bilateral.
O vice-presidente executivo da entidade, Brian Winter, avaliou que, apesar do tensionamento, o presidente americano Donald Trump tem dado sinais de que mantém aberto um canal de diálogo com o Brasil.
“Em todas as postagens do presidente Trump, ao longo dos últimos meses, ele praticamente não mencionou o presidente Lula. O foco dele tem sido o ministro Alexandre de Moraes. Acho que isso é intencional e mostra o interesse em poupar esse canal para eventualmente dialogar”, afirmou Winter.
De acordo com Winter, temas como o tratamento regulatório das big techs, a exploração de minerais críticos e terras raras e a cooperação em questões de imigração envolvendo venezuelanos e haitianos podem ser pontos de partida para retomar a aproximação entre os dois países.
Ele lembrou que diálogos semelhantes já ocorreram em cenários de tensão com outros líderes, como a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, após momentos de forte atrito com Trump.
Winter destacou, no entanto, que a situação política interna do Brasil impacta a agenda. O processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar, é visto como fator que pode contaminar qualquer tentativa de aproximação, principalmente se houver uma condenação em setembro.
“Esse diálogo esteve muito perto de começar, mas foi prejudicado pela prisão domiciliar de Bolsonaro”, disse.
O analista também chamou atenção para o papel do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atua nos Estados Unidos em busca de sanções ao Brasil como forma de pressionar o Judiciário brasileiro a conceder anistia ao pai.
Winter ressaltou a dimensão estratégica da relação bilateral: mais de 7 mil empresas brasileiras exportam para os EUA, e companhias americanas mantêm US$ 90 bilhões em investimentos diretos no Brasil.
“Em tempos difíceis, o setor privado precisa reforçar a importância dessa relação”, observou.
A conferência, organizada pela Fiesp em parceria com o Council of the Americas, contou com a participação de autoridades brasileiras como o chanceler Mauro Vieira, a secretária de Comércio Exterior Tatiana Prazeres, além da presença virtual do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Do setor privado, representantes da Boeing, AWS, Salesforce, Embraer e JBS participaram das discussões.
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