Economia / Relações Internacionais
Trump assina tarifaço de 50% contra o Brasil e agrava crise comercial entre os países
Decreto da Casa Branca aponta 'ameaça extraordinária' do governo Lula à segurança e economia dos EUA; sobretaxa afeta etanol, aço e alimentos
30/07/2025
14:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) o decreto que formaliza a tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total da taxação para 50%. A medida, que entra em vigor a partir de 1º de agosto, representa o maior tarifaço já imposto pelos EUA a um parceiro comercial sul-americano.
“A medida visa lidar com as políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”, afirma o comunicado oficial da Casa Branca.
O decreto amplia significativamente o impacto sobre setores estratégicos da economia brasileira e reforça a escalada de tensão diplomática entre os governos de Trump e Lula.
De acordo com o texto do governo norte-americano, a tarifa é uma resposta às posições do Brasil em fóruns internacionais, além de supostos “ataques insidiosos às eleições livres e à liberdade de expressão de cidadãos americanos”.
Embora o comunicado não cite diretamente nomes, fontes diplomáticas afirmam que o descontentamento de Trump se concentra em decisões do STF, especialmente as conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, e no posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre temas como regulação de redes sociais e investigações contra Jair Bolsonaro.
A sobretaxa atinge todos os produtos brasileiros importados pelos EUA, o que inclui etanol, aço, alumínio, alimentos, insumos industriais e manufaturados.
Exemplo de impacto direto:
Etanol:
Tarifa anterior: 2,5%
Após primeiro aumento (10%): 12,5%
Com nova tarifa de 40%: salta para 52,5% a partir de agosto
A medida tem potencial para encarecer exportações brasileiras, desorganizar cadeias produtivas binacionais e provocar perdas bilionárias. Estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) apontam um prejuízo de até R$ 175 bilhões em dez anos para o setor industrial nacional.
O governo Lula já havia manifestado “profunda preocupação” com a escalada tarifária, mas reafirmou que não cederá à pressão política:
“Trato todos com respeito, mas quero ser tratado com respeito. Seriedade não exige subserviência”, afirmou Lula em entrevista ao The New York Times.
Uma comitiva de senadores brasileiros liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS) e Tereza Cristina (PP-MS) esteve em Washington esta semana buscando diálogo com o Congresso e empresários norte-americanos. Os parlamentares apostam em articulações diplomáticas para reverter ou mitigar os efeitos do tarifaço.
A tarifa de 50% foi anunciada inicialmente por Trump no dia 9 de julho, mas sua formalização por decreto presidencial marca um novo capítulo na política externa americana, diretamente voltada contra o Brasil. A medida se junta à sanção do ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, aprofundando a crise diplomática entre os dois países.
Enquanto isso, o Brasil estuda ações retaliatórias via OMC, a Lei de Reciprocidade e articulações comerciais com outras potências econômicas, como China e União Europeia.
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