Campo Grande (MS), Quinta-feira, 10 de Julho de 2025

Economia / Agronegócio

Setor produtivo reage à tarifa de 50% dos EUA: produtores de carne falam em "caos" e Fiems cobra diálogo

Estados Unidos são segundo maior mercado da carne bovina brasileira; sobretaxa anunciada por Trump ameaça competitividade e exportações de Mato Grosso do Sul

10/07/2025

08:15

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifa de 50% aos produtos brasileiros, especialmente a carne bovina, provocou forte reação entre representantes do agronegócio e da indústria nacional. A decisão, classificada como “inaceitável” pelo presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, é vista como uma ameaça direta às exportações brasileiras e, particularmente, ao desempenho econômico do estado.

“O clima é de caos”, declarou um representante do setor de carne, destacando a inviabilidade de competir no mercado americano com o novo custo imposto.

Exportações sob ameaça: carne bovina é a principal afetada

Segundo dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), os EUA foram responsáveis por US$ 1,04 bilhão em compras de carne bovina brasileira apenas no primeiro semestre de 2025 — um crescimento de 102% em relação ao mesmo período de 2024.

  • Foram exportadas 181.477 toneladas para os EUA, o que representa cerca de 1/3 do total mundial.

  • O preço médio da tonelada foi de US$ 5.732.

  • Com a nova tarifa, o custo subiria para US$ 8.600 por tonelada, tornando a venda praticamente inviável frente à concorrência internacional.

A Abiec emitiu nota alertando que questões geopolíticas não devem ser transformadas em barreiras comerciais, sob risco de comprometer a segurança alimentar global.

Impacto direto em Mato Grosso do Sul

Dados do Observatório da Indústria da Fiems mostram que os EUA foram o segundo maior destino das exportações de MS entre janeiro e junho de 2025, atrás apenas da China:

  • Total exportado: US$ 315,9 milhões

  • Crescimento: 11% em relação a 2024

  • Principais produtos exportados:

    • Carne bovina

    • Ferro fundido (principal destino é os EUA)

    • Celulose

“Esses três segmentos serão diretamente impactados pela tarifa. Mato Grosso do Sul será afetado, claro. Temos aí cerca de 320 milhões de dólares já exportados neste ano”, alertou Sérgio Longen.

Fiems: diálogo é o caminho, não retaliação

O presidente da Fiems defendeu uma postura diplomática e negociadora por parte do governo brasileiro:

“Não adianta iniciar uma guerra tarifária. Precisamos propor, sentar à mesa e buscar uma solução democrática.”

Longen também apontou que os EUA vêm adotando essa postura com outros países e agora mira o Brasil, o que exige uma reação firme, mas estratégica para preservar a competitividade da indústria nacional.

Repercussão política e econômica

O governo brasileiro, por meio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convocou reunião de emergência com ministros para avaliar os efeitos da medida e discutir estratégias de resposta. Já a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) classificou a sobretaxa como um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas.

“A nova alíquota atinge diretamente o agronegócio, impactando o câmbio, o custo dos insumos importados e a competitividade das exportações brasileiras”, declarou a FPA.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Jornal do Estado MS © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: