Campo Grande (MS), Quinta-feira, 10 de Julho de 2025

Política / Economia Internacional

Tarcísio critica tarifa de Trump, admite impacto negativo para SP e cobra negociação sem “revanchismo”

Governador paulista responsabiliza Lula por clima diplomático e vê prejuízo direto a empresas como Embraer; governo federal e especialistas rebatem discurso com dados e críticas à postura “submissa”

10/07/2025

13:15

DA REDAÇÃO

Governador Tarcísio de Freitas visita trem da Linha 6-Laranja — Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira (10) que a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trará impactos negativos significativos para a economia paulista, especialmente para setores industriais e empresas estratégicas como a Embraer.

“São Paulo é o maior exportador do Brasil. Os Estados Unidos são nosso principal destino. Essa medida é deletéria, afeta empresas importantes e impacta diretamente empregos e investimentos”, disse Tarcísio durante evento do Metrô de SP.

Apesar de ter reconhecido os danos econômicos, o governador responsabilizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela crise diplomática. Segundo ele, o governo federal colocou a ideologia acima da economia, gerando uma resposta agressiva por parte dos EUA.

“Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Não adianta se esconder atrás de Bolsonaro”, escreveu Tarcísio nas redes sociais.

“Negociar sem ideologia”

Tarcísio afirmou que sua gestão está em contato com a embaixada americana, mas cobrou que o governo federal abra uma mesa de negociação bilateral, deixando de lado “revanchismo, narrativas políticas e ideológicas”.

“A gente precisa sentar na mesa e trabalhar. Não há espaço para vaidades quando o que está em jogo são empregos e a competitividade brasileira”, afirmou.

Reações do governo federal e da oposição

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu as declarações:

“Quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço. Isso é continuação do golpe, agora com apoio de um presidente estrangeiro”, afirmou Gleisi.

Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ironizou a postura de Tarcísio:

“Ou bem é candidato a presidente ou é candidato a vassalo. Não há espaço no Brasil para vassalagem desde 1822. O que se pretende? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem base econômica?”, criticou Haddad.

Lula reafirma soberania e prepara resposta com base na Lei de Reciprocidade

Em resposta à carta de Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil não aceitará ser tutelado por ninguém e que responderá com medidas legais previstas na Lei de Reciprocidade Econômica.

“O processo judicial contra os responsáveis pelo 8 de janeiro é de competência exclusiva da Justiça brasileira. A liberdade de expressão não pode ser confundida com agressão e violência”, afirmou Lula.

Especialistas e dados desmentem alegações de Trump

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços apresentou dados que contradizem a justificativa de Trump. Segundo o órgão, o Brasil acumula déficits comerciais com os EUA há 16 anos, totalizando mais de US$ 90 bilhões.

O economista Paul Krugman, Prêmio Nobel, disse que “não é a primeira vez que os EUA usam tarifas como ferramenta política”.

O ex-presidente do Banco Central Alexandre Schwartsman também ressaltou que a medida tem caráter político, especialmente após Trump mencionar o julgamento de Bolsonaro como fator de irritação.

Indústria e agropecuária pedem diálogo urgente

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifestaram preocupação com o impacto da tarifa:

  • FPA: “A nova alíquota atinge diretamente o agronegócio, o câmbio e a competitividade das exportações brasileiras.”

  • CNI: “Não há justificativa econômica para a medida. É urgente retomar um diálogo diplomático com os EUA.”

  • Amcham Brasil: “Medida ameaça empregos, cadeias produtivas e a confiança empresarial entre os dois países.”

Conteúdo da carta de Trump

A carta enviada por Donald Trump ao presidente Lula menciona:

  • Suposto ataque do Brasil à liberdade de expressão nos EUA

  • Críticas ao julgamento de Bolsonaro pelo STF, considerado por ele “uma vergonha internacional”

  • Aplicação de tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, independentemente de setor

  • Acusações de barreiras comerciais injustas, embora os dados mostrem o contrário


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