Campo Grande (MS), Quinta-feira, 10 de Julho de 2025

Política Internacional

Brasil devolve carta de Trump e classifica conteúdo como ofensivo e inaceitável

Governo Lula repudia publicamente tarifa de 50% e alerta para risco nas relações bilaterais com os EUA

09/07/2025

20:45

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O governo brasileiro decidiu devolver oficialmente a carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificando o conteúdo como “ofensivo” e “inaceitável”. A decisão foi comunicada na noite desta quarta-feira (9), durante uma segunda reunião realizada no Itamaraty com representantes da Embaixada dos EUA em Brasília.

A carta de Trump, tornada pública nas redes sociais no mesmo dia, anunciava a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, alegando supostos prejuízos comerciais e criticando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A medida entra em vigor no dia 1º de agosto.

Embaixadora brasileira reagiu diretamente a diplomata dos EUA

A reunião foi conduzida pela embaixadora Maria Luisa Escorel, responsável pelo Departamento para América do Norte e Europa do Itamaraty. No encontro com o encarregado de negócios norte-americano Gabriel Escobar, a diplomata brasileira confirmou a autenticidade da carta e devolveu o documento, afirmando que seu conteúdo era ofensivo ao Estado brasileiro.

Segundo fontes do Itamaraty, o governo considerou a carta carregada de “informações inverídicas”, especialmente sobre a balança comercial entre os dois países. Trump alegou que os EUA têm prejuízo no comércio com o Brasil, mas dados do governo americano mostram o contrário: os Estados Unidos acumulam superávit sobre o Brasil desde 2009, totalizando cerca de US$ 410 bilhões em 15 anos.

Primeira reunião tratou de apoio de Trump a Bolsonaro e ataque ao STF

A devolução da carta ocorreu após duas reuniões de emergência no Ministério das Relações Exteriores, em resposta à publicação da correspondência nas redes sociais de Trump e ao posicionamento da própria embaixada norte-americana em apoio a Bolsonaro.

No primeiro encontro, ainda durante a tarde, o Itamaraty já havia alertado que as ações públicas de Trump e da embaixada comprometem seriamente a relação diplomática entre os países, especialmente ao envolver ataques ao STF e ingerência em processos internos do Judiciário brasileiro.

Lula: "O Brasil não será tutelado por ninguém"

Mais cedo, em publicação na rede X (ex-Twitter), o presidente Lula reafirmou a soberania do Brasil e alertou que qualquer medida unilateral será respondida com base na Lei da Reciprocidade Econômica:

“O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, e não aceitará ser tutelado por ninguém. O processo judicial contra quem tentou o golpe de Estado é de competência da Justiça brasileira.”

Lula também rebateu as alegações de prejuízo comercial, destacando que os EUA têm superávit com o Brasil e que a medida de Trump carece de fundamentos econômicos.

Clima de tensão e risco para as exportações brasileiras

A medida anunciada por Trump impacta diretamente o comércio exterior brasileiro, especialmente os estados com forte presença no agronegócio e na indústria exportadora, como Mato Grosso do Sul, que tem os EUA como segundo principal destino de seus produtos.

Setores como carne bovina, celulose, ferro fundido e grãos serão os mais atingidos pela nova tarifa.


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