Política / Economia
Vice de Tarcísio critica sobretaxa de Trump: “estratégia equivocada na forma e na execução”
Felício Ramuth defende diálogo e alerta para impacto sobre exportações paulistas aos EUA, que somam R$ 6,3 bilhões em 2025
10/07/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), evita comentar publicamente a decisão do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump de aplicar tarifas de 50% aos produtos brasileiros, seu vice, Felício Ramuth (PSD), classificou a medida como precipitada e politicamente motivada.
“Os Estados Unidos são o principal destino de exportação de São Paulo. É cedo para aceitarmos como definitiva essa posição do Trump”, disse Ramuth à Folha de S.Paulo, horas após o anúncio oficial da tarifa.
Com R$ 6,3 bilhões em exportações aos EUA em 2025, o estado de São Paulo é um dos mais afetados pela medida protecionista americana, o que corresponde a cerca de 19% das exportações totais paulistas neste ano. Mesmo assim, Tarcísio — cotado como possível candidato à Presidência em 2026 — ainda não se manifestou oficialmente sobre o tarifaço.
O vice-governador optou por uma linha diplomática, afastando a ideia de que a medida seja uma interferência nos assuntos internos do Brasil, mas reconhecendo o viés político e estratégico da decisão:
“Não vejo a imposição das tarifas como tentativa de interferência externa em nosso país, mas sim uma estratégia, ainda que, a meu ver, equivocada na forma e na execução, dos EUA em conseguir mais vantagens comerciais, bem como um posicionamento político contra as decisões tomadas pelo Brics”.
Segundo Ramuth, a decisão de Trump seria uma resposta às críticas do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países) às ações recentes dos EUA, como o ataque ao Irã, as sanções contra a Rússia e a política de desdolarização.
“Logo após a reunião do Brics presidida pelo presidente Lula, o bloco se posicionou fortemente contra as últimas posições americanas. Essas declarações levaram a uma reação imediata do governo Trump, em especial contra o Brasil”.
Apesar do silêncio de Tarcísio, a análise de seu vice coincide, em parte, com o discurso de aliados de Jair Bolsonaro, como o advogado Fábio Wajngarten, que criticou o alinhamento do governo Lula com países considerados “distantes ou inimigos dos EUA”.
Em postagem nas redes, Wajngarten escreveu: “A chancelaria brasileira insiste em se alinhar a países historicamente adversários dos EUA”.
A declaração de Ramuth revela divergências internas no campo da direita brasileira sobre como lidar com os efeitos do protecionismo americano. Enquanto a ala bolsonarista endossa Trump, setores mais institucionais, como o vice de Tarcísio, alertam para o prejuízo comercial e os riscos geopolíticos da retaliação.
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