Campo Grande / Assistência Social
Prefeitura intensifica apoio à população de rua com ações emergenciais e políticas públicas integradas
Vice-prefeita Camilla Nascimento detalha funcionamento do projeto Inverno Acolhedor e anuncia novo Centro POP até o fim de 2025
29/06/2025
10:15
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
Com a chegada do inverno e a queda acentuada das temperaturas, a Prefeitura de Campo Grande intensificou as ações de acolhimento à população em situação de rua. Entre os principais destaques está o projeto Inverno Acolhedor, ativado sempre que os termômetros registram 12°C ou menos, com atendimento emergencial no Parque Ayrton Senna. A iniciativa é coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (SAS), liderada pela vice-prefeita Camilla Nascimento, que concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Estado detalhando as estratégias adotadas, os desafios enfrentados e os avanços estruturais previstos.
“Estamos trabalhando para realizar o primeiro censo oficial da população de rua em parceria com universidades e o Governo do Estado”, afirmou Camilla, destacando a importância de dados atualizados para a formulação de políticas públicas eficazes.
A SAS atua com uma rede integrada de acolhimento, formada por unidades como o Centro POP, UAIFA I e II, Casa de Passagem Resgate, voltada a migrantes, e a Casa de Apoio São Francisco. Entre janeiro e junho deste ano:
3 mil abordagens sociais foram realizadas nas ruas da Capital
Média de 650 atendimentos mensais, sendo 337 só na região central
O Centro POP serviu mais de 22 mil refeições e fez 5.500 atendimentos técnicos
960 migrantes nacionais e internacionais receberam assistência
Cerca de 300 adultos por mês atendidos são usuários de substâncias psicoativas
A abordagem é feita pela equipe especializada do SEAS, que atua 24 horas por dia e busca construir vínculos de confiança. Segundo Camilla, “é com empatia e escuta que conseguimos iniciar processos de mudança e reinserção social”.
Nas noites mais frias, o Parque Ayrton Senna é transformado em um abrigo temporário, com funcionamento das 18h às 6h, oferecendo:
Colchões e agasalhos
Alimentação quente
Atendimento de saúde
Encaminhamento para acolhimento e tratamentos
Cuidados com animais de estimação dos usuários
A iniciativa tem permitido, inclusive, o início de tratamentos contra a dependência química, graças à parceria com os CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) e unidades de saúde.
O levantamento da SAS aponta que a maioria da população de rua é composta por homens em idade produtiva, muitos em situação de dependência química e com histórico de vulnerabilidade agravado pela pandemia. Entre os desafios enfrentados:
Lotação constante das unidades de acolhimento, com alta rotatividade
Resistência ao tratamento voluntário contra dependência química
Crescimento do número de migrantes e pessoas em situação de rua em outras regiões da cidade, como Imbirussu, Bandeira e região da Rodoviária
A SAS mantém mapeamento atualizado das áreas com maior concentração e atua de forma integrada com a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar, respeitando as atribuições de cada órgão.
Camilla Nascimento anunciou a mudança de sede do Centro POP para um novo endereço mais adequado, amplo e seguro até o fim de 2025. Outros projetos em desenvolvimento incluem:
Gerência especializada para população de rua
Programa Volta por Cima, voltado a dependentes químicos
Revitalização das unidades da SAS
Centro Dia do Idoso
Novo programa de erradicação do trabalho infantil
Mesa de Negociação e Gestão do Trabalho do Suas, uma das primeiras do país
“A assistência social exige um olhar sensível e técnico. Estou comprometida com resultados e com uma gestão transformadora”, reforçou a secretária.
Após o acolhimento e, quando necessário, a desintoxicação, a SAS atua na inserção dos assistidos no mercado de trabalho, em parceria com a FUNSAT, através de:
Regularização de documentos
Análise de perfis profissionais
Encaminhamento para cursos e vagas de emprego
Banco de oportunidades ativo em unidades como a UAIFA I
Camilla também destacou o papel fundamental da sociedade no enfrentamento à crise social. A principal orientação é não dar dinheiro diretamente às pessoas em situação de rua, mas acionar o SEAS pelo número 156, para que a abordagem seja feita de forma técnica e humanizada.
“A maior ajuda que a população pode dar é enxergar essas pessoas como cidadãos com história, com dor e com potencial de recomeço”, concluiu.
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