Em um gesto de articulação política e pragmatismo eleitoral, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), acenou nesta sexta-feira (4) ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), admitindo a possibilidade de abrir mão da disputa presidencial de 2026 caso o colega mineiro ganhe força nas pesquisas e reúna melhores condições de vitória.

"Se for contigo, estamos juntos. Se for com outro que a gente ache, não tem problema", disse Leite a Zema durante o Fórum da Liberdade, realizado em Porto Alegre (RS), diante de uma plateia com lideranças da direita.

A fala sinaliza uma abertura para construção de alianças dentro do espectro liberal-conservador, que busca uma alternativa ao atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tanto Leite quanto Zema são apontados como possíveis presidenciáveis, embora ainda não tenham oficializado candidaturas.

“Não é só sobre tirar esse governo”

Leite reforçou a importância de formar uma coalizão programática e duradoura, mais do que apenas uma frente antipetista:

“O importante é que não é só sobre tirar esse governo do qual nós divergimos. Precisamos ter uma agenda, construir politicamente, formar coalizão e sustentar uma agenda de transformação para o Brasil.”

O governador gaúcho também colocou seu nome à disposição para uma candidatura ao Senado, caso o cenário político o leve a outro caminho. Ele enfatizou que ainda é cedo para definições e que as articulações devem avançar até o final do ano, respeitando os projetos e lideranças com maior viabilidade.

PSDB em reconfiguração

Durante o evento, Leite também falou sobre o futuro do PSDB, legenda que enfrenta um processo de enfraquecimento nacional. Segundo ele, o partido deve definir nas próximas semanas se partirá para uma fusão ou incorporação a outra sigla.

“O PSDB viu seu caminho se estreitar. Infelizmente, perdeu protagonismo no debate político brasileiro. Precisamos avaliar se temos condições de sustentar candidaturas nacionais e regionais”, afirmou.

Zema aparece atrás de Lula em pesquisas

Na pesquisa Quaest divulgada nesta semana, Romeu Zema aparece com 31% das intenções de voto, contra 43% de Lula, que lidera todos os cenários testados. A desvantagem ainda é considerável, mas o governador mineiro continua sendo visto como uma opção viável da direita liberal, especialmente após seu segundo mandato em Minas Gerais.

Diálogo e convergências

Leite reiterou que ele e Zema compartilham mais convergências do que divergências e que o campo da centro-direita precisa, antes de tudo, de projeto, foco e unidade.

“Se convergirmos na agenda e nos projetos, vamos analisar quem tem capacidade eleitoral e política. Zema é um desses nomes. Se entenderem que sou eu, também me coloco à disposição”, declarou.

O Fórum da Liberdade contou ainda com a participação de Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcel Van Hattem (Novo-RS), entre outros nomes da nova direita brasileira.