Política e Justiça
STF torna Bolsonaro e aliados réus por tentativa de golpe de Estado com votação unânime
Primeira Turma da Corte aceita denúncia da PGR contra ex-presidente e sete assessores por crimes contra a democracia; processo pode levar a condenações com penas de prisão
26/03/2025
11:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade nesta quarta-feira (26) tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado, em ação movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A votação terminou 5 a 0 a favor do recebimento da denúncia, apresentada no mês passado.
Com isso, os acusados passam agora à condição de réus e responderão a um processo criminal, que poderá resultar em penas de prisão, caso sejam condenados.
A denúncia envolve o chamado “núcleo crucial” da suposta organização criminosa golpista, composto por:
Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin
Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça
Augusto Heleno – ex-ministro do GSI
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens da Presidência
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
Braga Netto – ex-ministro da Casa Civil
Alexandre de Moraes, relator do caso, foi o primeiro a votar e apresentou um voto detalhado, de quase duas horas. Ele apontou que Bolsonaro liderou uma estrutura organizada para desacreditar o sistema eleitoral e instigar a ruptura democrática, utilizando mentiras, manipulação militar e apoio institucional.
“Não houve um domingo no parque”, disse Moraes, ao exibir vídeos dos ataques de 8 de janeiro.
Flávio Dino destacou que as defesas não negaram a tentativa de golpe, mas tentaram isentar os acusados individualmente. Segundo ele, a materialidade dos crimes está evidente.
“A conduta é tentar. Se fosse consumado, não teria juízes pra julgar”, disse Dino.
Luiz Fux também votou pelo recebimento da denúncia, apesar de discordar do julgamento pela Primeira Turma — ele defendia que a análise fosse feita pelo plenário. Fux afirmou que atos preparatórios e tentativas são partes legítimas da configuração criminal e que os detalhes serão discutidos ao longo do processo.
Cármen Lúcia reforçou que o golpe foi planejado ao longo do tempo e rejeitou qualquer tentativa de relativizar os eventos.
“Ditadura mata. Ditadura vive da morte — da democracia e de seres humanos”, declarou a ministra.
Cristiano Zanin, por fim, também acompanhou os demais e destacou que a denúncia da PGR é sustentada por um conjunto robusto de provas, e não apenas pela delação de Mauro Cid.
“Não adianta dizer que a pessoa não estava no dia 8 de janeiro se participou dos atos que culminaram nos ataques”, afirmou.
A PGR aponta que Bolsonaro e aliados formaram uma organização criminosa com divisão de tarefas para promover um golpe de Estado. Os crimes denunciados são:
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Golpe de Estado
Organização criminosa
Dano qualificado ao patrimônio da União
Deterioração de patrimônio tombado
Com o recebimento da denúncia, inicia-se a fase de instrução penal, na qual as defesas e o Ministério Público poderão apresentar provas, testemunhas e argumentos. Ao final dessa etapa, o STF decidirá se os réus serão condenados ou absolvidos.
As penas somadas podem ultrapassar 30 anos de prisão, dependendo da configuração dos crimes.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Suzano supera 5,5 milhões de toneladas de celulose exportadas pelo Porto de Santos após modernização de terminais
Leia Mais
Lidio Lopes participa da formatura do TransformaSom e reforça apoio a projeto social que transforma vidas pela música
Leia Mais
Zé Teixeira destaca trajetória de trabalho e investimentos no aniversário de 90 anos de Dourados
Leia Mais
Novo status sanitário fortalece suinocultura de MS e impulsiona abates e exportações
Municípios