Política / Senado Federal
CCJ do Senado avalia limitar redução de pena aos atos de 8 de janeiro
Emenda do senador Otto Alencar tenta restringir efeitos do PL da Dosimetria e reacende debate sobre impacto para Jair Bolsonaro
15/12/2025
20:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado avalia uma alternativa para restringir os efeitos do Projeto de Lei da Dosimetria apenas aos crimes relacionados diretamente aos atos de 8 de janeiro de 2023, em meio às críticas de que o texto aprovado pela Câmara dos Deputados pode beneficiar condenados por outros tipos de crime.
A proposta parte do presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), que já se posicionou publicamente contra a anistia e afirmou que, na forma atual, o projeto não deve avançar no Senado. A CCJ pode votar a matéria nesta quarta-feira (17).
A emenda sugerida por Otto Alencar busca limitar a aplicação das novas regras de dosimetria penal a:
“Crimes praticados no contexto dos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, relacionados aos atos de invasão, depredação ou dano a bens públicos ou privados”.
Segundo o senador, o texto aprovado pela Câmara permite uma aplicação genérica da redução de penas, alcançando crimes alheios ao contexto golpista, como:
crimes de corrupção;
crimes ambientais;
crimes cometidos com violência ou grave ameaça;
crimes de natureza sexual.
Técnicos legislativos ouvidos por veículos nacionais avaliam que a emenda poderia reduzir o alcance do benefício ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado por liderar a trama golpista. No entanto, especialistas em direito penal divergem quanto à eficácia prática da medida.
Davi Tangerino, professor da UERJ, avalia que a intenção é clara, mas alerta para risco jurídico:
“Existe uma chance razoável de alguém interpretar que se trata de norma penal mais benéfica e estendê-la a outras situações”.
Aury Lopes Jr., professor licenciado da PUC-RS, afirma que a redação ainda pode beneficiar envolvidos antes ou depois dos atos:
“Não me parece excluir o Jair Bolsonaro”.
Gustavo Badaró, professor da USP, entende que a exclusão é difícil:
“A própria denúncia diz que Bolsonaro e aliados formam o núcleo crucial do 8 de Janeiro”.
O relator no Senado, Esperidião Amin (PP-SC), deve apresentar seu parecer na quarta-feira. Caso aprovado na CCJ, o texto pode seguir para votação em plenário no mesmo dia.
Entretanto, setores governistas contrários ao projeto articulam pedido de vista, o que pode adiar a deliberação para 2026, já que o recesso legislativo começa na prática na sexta-feira (19).
Otto Alencar também foi apontado como o principal responsável por barrar a tentativa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), de levar o projeto diretamente ao plenário, sem análise da CCJ.
Com o texto aprovado pela Câmara:
Bolsonaro poderia cumprir entre 2 anos e 4 meses e 4 anos e 2 meses em regime fechado.
Com as regras atuais:
A estimativa é de 6 anos e 10 meses a pouco mais de 8 anos em regime fechado.
A condenação total do ex-presidente é de 27 anos e 3 meses.
O PL da Dosimetria foi aprovado pela Câmara na semana passada e trata da progressão de regime e da soma de penas nos crimes contra o Estado Democrático de Direito. A proposta tem sido alvo de manifestações populares e críticas no Senado, especialmente pelo risco de efeitos amplos não restritos aos atos golpistas.
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