MUNDO
Expulsão de Edmundo González favorece mais a Maduro do que sua prisão, aponta analistas
Regime venezuelano exila opositor na Espanha e busca garantir reeleição controversa de Maduro
09/09/2024
07:17
G1
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A expulsão do opositor Edmundo González Urrutia da Venezuela é um marco simbólico para o regime de Nicolás Maduro. O anúncio de sua saída forçada foi feito pela vice-presidente Delcy Rodríguez e só depois confirmado pelo governo espanhol, consolidando um exílio que parece ser mais vantajoso para o governo venezuelano do que sua prisão. A detenção do ex-diplomata de 75 anos poderia trazer ainda mais desgaste ao regime de Maduro, que já sofre com o descrédito internacional, agravado pelas perseguições sistemáticas a seus opositores.
O exílio de González, levado em um avião da Força Aérea Espanhola, representa na prática sua expulsão do país. Ao conceder os salvos-condutos para que ele saísse da Venezuela e obtivesse asilo político na Espanha, o regime de Maduro tenta encerrar o tumultuado processo eleitoral do dia 28 de julho, em que se proclamou vencedor sem apresentar uma ata oficial de votação.
O procurador-geral Tarek William Saab classificou o exílio como “o capítulo final de uma comédia pastelão”, reforçando que, com o opositor fora do país, Maduro busca consolidar sua vitória e iniciar seu terceiro mandato sem mais resistência. Segundo a oposição venezuelana, 83% dos boletins eleitorais mostram González como o verdadeiro vencedor das eleições, com 67% dos votos, em comparação aos 30% atribuídos a Maduro. O candidato opositor estava escondido por mais de um mês, refugiado na Embaixada da Holanda em Caracas.
Acredita-se que o exílio de González tenha sido fruto de uma negociação com a Espanha, intensificada após o cerco à Embaixada da Argentina em Caracas, onde seis opositores estão refugiados. O Brasil vinha protegendo a sede diplomática após a expulsão de seus funcionários da Venezuela. A situação se agravou quando o regime venezuelano cortou unilateralmente a custódia brasileira e interrompeu o fornecimento de energia elétrica do prédio. Contudo, após a saída de González do país, o cerco foi desfeito e a eletricidade foi restaurada, segundo o site "Efecto Cocuyo".
Já em Madri, González gravou um áudio de 41 segundos em que relatou sua saída de Caracas, descrevendo episódios de "pressão, coerção e ameaças". Ele se junta agora aos mais de 100 mil venezuelanos que buscaram refúgio na Espanha, mas com uma diferença significativa: foi exilado por ter conquistado a maioria dos votos nas eleições presidenciais de seu país.
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