 |
Bombeiros procuram corpos e possíveis sobreviventes nos escombros de edifício calcinado pela explosão. |
O Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS [ou ISIL] na sigla em inglês), simplesmente conhecido como Estado Islâmico, indubitavelmente a mais pérfida, terrível insidiosa e perigosa organização terrorista em atividade, está se tornando cada vez mais atroz, brutal e inclemente, nas horrendas, fatídicas e sanguinolentas chacinas que promove, com frequência cada vez maior. No dia 3 de julho, um ataque combinado de quatro explosões em diferentes locais de Bagdá, capital do Iraque, mostrou mais uma vez a sublime capacidade organizacional e o terrível poder destrutivo do Estado Islâmico. O mais mortífero e violento dos ataques ocorreu no Distrito de Karrada, provocando a morte de quase duas centenas de pessoas, e ferindo outras duas centenas. O número exato de mortos é desconhecido, tendo ficado em aproximadamente 174 até o momento. Esta foi certamente uma das maiores fatalidades no que diz respeito a atentados terroristas na história recente do Iraque, e com certeza, o pior a ocorrer em território iraquiano durante o ano. Desafortunadamente, boa parte das vítimas eram crianças.
 |
Haider al-Abadi, Primeiro Ministro do Iraque, foi vaiado por populares, juntamente com sua comitiva, ao visitar o local do atentado. |
Depois do brutal atentado terrorista de 28 de junho, que ocorreu no aeroporto internacional de Atatürk, em Istanbul, na Turquia, que deixou 48 mortos (incluindo os três terroristas) e 238 feridos – atentado este que, embora atribuído ao Estado Islâmico, não possui evidências para corroborar a suspeita – a organização terrorista confirmou a autoria dos atentados em Bagdá, embora a veracidade dos fatos ainda deva ser verificada. De acordo com o Estado Islâmico – que não confirmou responsabilidade pelo atentado do dia 28 de junho – os atentados do dia 3 de julho, em Bagdá, teriam sido de fato realizados pela organização terrorista radical, que tinha como um de seus principais objetivos exterminar muçulmanos xiitas. Especula-se também que o Estado Islâmico estaria realizando uma retaliação por recentemente ter perdido território durante uma disputa militar pelo controle da cidade de Faluja. O terrorista suicida que teria dirigido o veículo carregado de explosivos no Distrito de Karrada – aparentemente, um caminhão refrigerado, repleto de bombas – teria sido posteriormente identificado como Abu Maha al-Iraqi. Depois de visitar o local do atentado, o primeiro ministro iraquiano Haider al-Abadi foi atacado, juntamente com sua comitiva, por populares, que atiraram pedras, garrafas de água, baldes vazios e detritos dos pavimentos nos veículos, em protesto contra a segurança precária que o governo têm oferecido aos seus cidadãos. Os atentados ocorreram próximos a uma festividade que marca o fim do Ramadã, período sagrado no calendário muçulmano, pautado por extrema devoção religiosa.
 |
Área atingida pela explosão no Distrito de Karrada, depois que bombeiros extinguiram as chamas. |
Os outros três atentados ocorreram em diferentes partes da cidade. No subúrbio de Sha'ab, aproximadamente cinco pessoas morreram, e dezesseis ficaram feridas. No distrito de Abu Gharib, a explosão de uma bomba causou uma fatalidade, e feriu cinco pessoas. Em al-Latifiya, no sul de Bagdá, uma bomba discretamente colocada em um carro matou uma pessoa, e deixou um número ainda não identificado de feridos. Um luto oficial de três dias foi oficialmente decretado no Iraque.
Tendo se pronunciado a respeito dos atentados, a Casa Branca afirmou que as atrocidades em Bagdá apenas fortificam e consolidam a determinação dos Estados Unidos em suplantar, destruir e acabar definitivamente com o Estado Islâmico. Os esforços militares e logísticos empregados pelos Estados Unidos, enviado como um auxílio às forças militares iraquianas, têm sido uma constante, desde que ameaças extremistas tornaram-se comuns na região. Não obstante, a falta de resultados plausíveis gera tensão e frustração em todas as áreas afetadas pelo terror, sendo cada vez mais incontestável a real incapacidade das forças militares iraquianas e americanas combinadas, de eliminarem de forma derradeira a ameaça cada vez mais mortífera que o Estado Islâmico representa. Em recente entrevista a um programa da CBS, o senador americano John McCain disse que “tudo o que precisamos fazer é ir até o Iraque, e mata-los”, afirmando ser perfeitamente possível fazê-lo, com um contingente de dez mil soldados. Não obstante, este tipo de afirmação de burocratas alienados, sem percepção da realidade, tornam-se afirmações cada vez mais vazias e infrutíferas, que deixam as partes afetadas cada vez mais saturadas, e completamente impacientes com discursos vãos, que especificam, teorizam e argumentam planos que jamais são executados de forma satisfatória na prática. De qualquer maneira, não importa o que os burocratas em Washington têm a dizer a respeito do Estado Islâmico, erradica-lo com certeza está sendo bem mais difícil do que pensavam à princípio. Apesar do discurso não mudar, mais atentados ocorrerão, e os mesmos argumentos voltarão a ser debatidos, mais uma vez. O sentimento de desolação, tristeza e abatimento que têm consternado a população iraquiana por muito tempo, pouco a pouco se transforma em um excruciante martírio, que parece não ter fim.
As campanhas de terror do Estado Islâmico não têm dado trégua, e parecem ocorrer com uma frequência cada vez maior. Com uma voracidade insana que parece não querer nada, a não ser matar, violar, assassinar, destruir e deturpar, a organização terrorista parece ter como único objetivo semear o caos, vitimar inocentes, e espalhar o nocivo e ignominioso furor de sua implacável e malévola brutalidade, aonde quer que estejam, fazendo em seu caminho um número cada vez maior de vítimas, enquanto espalham sofrimento, abatimento, angústia e desolação aonde quer que passem. A única coisa que podemos esperar do Estado Islâmico é uma intensidade cada vez mais colérica, ensandecida e hostil de suas corrosivas e hediondas atividades destrutivas. Podemos apenas especular aonde atacarão novamente, e com certeza, diversos planos estão sendo traçados pela organização terrorista neste exato momento, enquanto suas futuras vítimas dão seus últimos suspiros de vida. Quando menos esperarem, a brutalidade do terror ceifará delas suas vidas, de forma covarde, violenta e sanguinária, e elas nada poderão fazer, para escapar de tal destino. O elemento surpresa, o covarde, nocivo e virulento aliado do terrorismo, é um funesto e macabro ardil silencioso, que, de forma lancinante, intempestiva e cruel, precisa de apenas um segundo para mudar completamente tudo ao seu redor. E assim que um novo atentado ocorrer, novamente o governo americano repetirá o seu sórdido discurso do “estamos fazendo tudo o que for possível”, enquanto o número de vítimas desta conspícua e depravada guerra insana apenas aumenta. No colérico furor desta cáustica campanha de chacina e mortandade, a malevolência impera absoluta, e as regras do terror permanecem incólumes, ditando as regras vorazes do morticínio absoluto. Aonde a transgressão dos homens promove o caos, a bestialidade e o horror, a beleza da vida desfalece diariamente.
