Campo Grande (MS), Sábado, 19 de Abril de 2025

CINEMA NO MS - O filme “Amai ao Próximo” será gravado em periferias de Campo Grande para fomentar a cultura nas comunidades 

25/02/2022

17:00

ALESSANDRA PAIM*

©REPRODUÇÃO

Amai ao próximo é um filme de longa-metragem de 80/90 minutos e está sob a direção do produtor e diretor de cinema Mighel Horta. O projeto retratará a realidade da política atual no Brasil. O filme também vai falar da pandemia e qual a reação das pessoas diante de situações excepcionais, qual a atitude com o seu próximo. Outro tema que será abordado no filme são as religiões, vai colocar a prova qual o posicionamento delas com os seus semelhantes, se de fato as religiões estão colocando em prática a palavra amai ao próximo. O diretor enfatiza que o filme não é gospel e sim uma profunda reflexão dos nossos atos. Será que realmente amamos ao nosso próximo? Será que diante de grandes obstáculos vamos ajudar o nosso próximo? A peça conta com atores selecionados em redes sociais e o filme será gravado nas periferias de Campo Grande. A escolha das periferias para fazer o filme, foi algo pensado, pois, mostra muito as diferenças sociais, intelectuais, socioeconômicas dessas comunidades. Mighel destaca que o objetivo é mostrar para a população desse local o que é a arte, a cultura dentro do universo do cinema. A expectativa do lançamento do filme está prevista para setembro. A Página Expressando com Alessandra Paim teve um super bate papo com o responsável do filme Amai ao próximo, o diretor, roteirista e produtor de cinema Mighel Horta que falou todas as informações desse projeto, os obstáculos, a seleção dos atores, a receptividade dos moradores das periferias, dos projetos futuros, de como Campo Grande se transformar numa cidade de destaque no cenário audiovisual e muitos outros assuntos dentro desse contexto. Fica o meu muito obrigada Mighel pela entrevista e desejo muito sucesso no projeto e outros que virão e sucesso na sua trajetória aqui no MS. Parabéns pela iniciativa de lutar pelo nosso MS! Que possamos ter uma cena local mais valorizada, mas empoderada para que os artistas possam ser reconhecidos pelo seu talento. Não desista, precisamos de pessoas como você, para levantar a bandeira no MS no cenário cultural! 

Segue a entrevista na íntegra! 

Expressando com Alessandra Paim - O que é o projeto “Amai ao Próximo”? 

Mighel_o produto em si é um filme de longa-metragem de aproximadamente 80 e ou/90 minutos de duração. Produzido em Campo Grande em sistema colaborativo, ou seja, nós não estamos tendo incentivo de lei alguma, de nenhum apoio de nenhuma empresa, de nenhuma pessoa em particular. É uma junção minha com os atores e com as pessoas interessadas em atuar, interessadas em cinema. Inclusive pessoas da periferia de Campo Grande.  

Expressando com Alessandra Paim - Qual o intuito desse projeto? 

Mighel_ esse projeto é uma reflexão do nosso atual momento político no Brasil. Toda essa amalgama política, todas essas discussões, toda essa tendencias, todos esses lados na política brasileira que a gente estar refletindo num filme de ficção o que tem título porque vamos exatamente questionar o amai ao próximo diante do que é a política, do que é a democracia e do que é o regime autoritário. E vamos falar também de pandemia no filme, ou seja, até que ponto o próximo ama o outro diante de situações extremas. E vamos questionar todas as religiões de maneira geral que fala de amai ao próximo, mas a maioria não pratica. Vamos ter um personagem dentro do nosso filme que interpretará Jesus. Ele vai questionar as verdades que são de fato, da palavra dele e o que as pessoas estão fazendo com essa palavra hoje. Importante destacar que não é um filme gospel é um filme inclinado para filosofia, pra uma profunda reflexão, um profundo pensar. 

Expressando com Alessandra Paim - Quais os personagens que compõem o elenco? 

Mighel_   

Mighel Horta 

Pamela Guilia 

João Ávila 

Adilson Oliveira 

Anderson Black 

Mhiguel Horta 

Johnny Bigut 

Eliane Ricalde Produtora executiva 

Carlos Henrique Infran 

Atriz especialmente convidada Vanda Ferreira, e teremos outros atores convidados. 

Expressando com Alessandra Paim - Qual o tema principal? 

Mighel_ o tema principal do filme é a relação entre os seres humanos, entre situações diversas. 

 

Expressando com Alessandra Paim - Qual a mensagem desse projeto? 

Mighel_até que ponto as religiões praticam amai ao próximo, até que ponto a política pratica o amai ao próximo, até que ponto a filosofia pratica amai o próximo. Ate onde vamos com todas essas situações e com essas viradas históricas que estamos vivendo diante da relação humana. Com tantas guerras e muita gente praticando crimes e tendo como escudo a religião. 

Expressando com Alessandra Paim - Como serão as apresentações para os expectadores? 

Mighel_na verdade esse filme é cooperativo e a gene está juntando esse grupo e ainda estamos correndo atrás de verba de apoio, realmente muito complicado e muito difícil em Campo Grande onde o nosso trabalho não é visado não é e valorizado. É um trabalho extremamente importante por que estamos refletindo a nossa realidade. Eu estou na rede social LinkedIn e lá estão sendo muito visualizado, as pessoas estão adorando o projeto, mtos aplausos, todo mundo respaldando firmemente o nosso projeto e isso me deixa mt feliz. Inclusive não é um grupo do MS é um povo do Brasil inteiro e do mundo e isso me deixa bastante confortável. As apresentações serão livres, gratuitas, a nossa ideia é fazer um lançamento nos bairros onde vamos filmar. Porque o nosso segundo projeto é integrar às comunidades, integrar os jovens, adolescentes a pessoas da 3° idade das comunidades que não tem acesso a didática do cinema nãos abe como se faz, como seria uma produção cinematográfica de longa-metragem. Então, vamos proporcionar pra essa galera uma espécie de oficinas gratuitas, vamos valorizar talentos locais em cada periferia que estivermos. 

Expressando com Alessandra Paim - Por que as periferias de Campo Grande? 

Mighel_estamos escolhendo periferias de Campo Grande porque o meu trabalho é voltado para o social. “Crime barato” é ligado a comunidade LGBT, “Veneno Acridoce”, ainda não foi filmado que falo do tráfico de armas, da violência aos bairros, da entrada de crianças e adolescentes no mundo do crime, tráfico das drogas. É um projeto forte onde fiquei 03 meses no bairro Noroeste e lá fiz uma imensa pesquisa, fui nos presídios, conversei com os diretores, fui muito bem assessorado, estive na AGEPEN - Agência dos agentes penitenciários e são pessoas que querem somar comigo no futuro, em outro projeto. E a gente vê muito a questão social nos bairros a pobreza, a miséria, a fome, a falta de acesso a cultura, a falta de crítica política, alienação por músicas pesadas. E essas crianças não estão tendo acesso a uma crítica social, a um pensamento, a um prestar atenção ao seu próprio modo de estar dentro da comunidade. 

Expressando com Alessandra Paim - Qual o retorno do projeto, incluindo o financeiro?  

Mighel_é um projeto que não está visando um resultado financeiro de maneira alguma. Ele é um projeto que precisa ser gratuito nos canais gratuitamente para acesso a todos. Mas pretendemos mais no futuro colocar o projeto no streaming e o que render, se tiver alguma renda, vamos compartilhar entre produção e atores. 

 Expressando com Alessandra Paim -Mighel quais as dificuldades de conseguir tirar o projeto do papel? Fale um pouco a respeito. 

Mighel_eu diria que nós temos todas as dificuldades possíveis ao tentar captar recursos, envolver pessoas e tentar realizar um projeto cultural em Campo Grande. Nós não temos uma tradição, nós costumamos a importar cultura. só o que vem de fora é bonito, tem que ser pessoas famosas interessantes e você vê auditórios lotados, mas quando se trata com pessoas daqui a dificuldade é imensa. O nosso empresariado não está preparado, não valoriza, não tem essa consciência. E políticos também, nem todos tem esse olhar pela cultura. Eu estou juntando pessoas que acredita no trabalho no filme e a gente se reúne e vamos visitar gabinetes e, obviamente, das 10 pessoas que você visita 9,99% não! mas o pouco que você recebe a gente realiza. Temos que ser extremamente persistentes. A minha aliada nessa batalha de captação de recurso é a Eliane Recalde, ela está como produtora executiva do filme me ajudando.   

Expressando com Alessandra Paim - Cinema no MS 

Mighel_ eu e o Rock Zanella que era meu sócio numa empresa que tínhamos. Em 2000 nós fomos um dos percussores no fomento do audiovisual do MS. Nós tentamos sondar uma cooperativa de audiovisual, nós trouxemos muitos cursos com profissionais de cinema de audiovisual pra MS. Criamos o Festival Latino Americano de Cinema e Vídeo, fizemos 03 edições, trouxemos pessoas muto importantes do cenário nacional dentro da cultura, TV e cinema. Se não termos esse tipo de inciativa aqui no MS temos que se contentar com a nossa cultura diária que rola nas rádios, nas ruas e fica só nisso ela não dialoga com o resto do País, ela fica praticamente isolada. O nosso cinema no MS é um cinema tímido. Temos um cenário maravilhoso no MS para explorar. 

Expressando com Alessandra Paim - Qual o seu maior sonho? 

Mighel_ meu maior sonho é criar um polo de cinema no MS de transformar o cinema numa coisa trivial, comum. 

Expressando com Alessandra Paim - Projetos futuros 

Mighel_ agora que passei numa fase da documentação do FMIC – (Fundo Municipal de Investimento Cultural). E se tudo der certo que eu consiga realizar “Olhos para o Silencio” é um filme que eu abordo a questão do deficiente visual e do deficiente auditivo. É uma história de um rapaz cego escritor, é muito inspirada no SMAC - Instituto Sul Mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas. Cujo, o presidente é o Marcio que será o ator principal. Esse será o meu próximo projeto de curta-metragem. Fora esse, tem um outro projeto que quero trabalhar, mais de suspense que vai ser sobre tráfico de armas. E Guerra do Paraguai, Corumbá é meu sonho de realizar meu filme lá. 

Expressando com Alessandra Paim - Momentos marcantes 

Mighel_ Festival de Cinema, fora os prêmios, os lugares que trabalhei, os meus mestres, a gente tem momentos muito importantes na nossa vida ligada a esse povo todo. 

Expressando com Alessandra Paim - O que poderia melhorar pros projetos como esses serem mais valorizados? 

Miguel_ no MS temos um mercado voltado na questão do agronegócio. Ou seja, não temos uma indústria forte aqui. A nossa cultura é muito local, muito sertaneja, mais inspirada nos costumes daqui. O que precisa é expandir essa cultura aqui e trazer essa cultura geral, essa autoanalise, esse autorreconhecimento, a gente se vê representado diante de nossas próprias histórias. Precisa divulgar mais. Eu sou favorável uma ampla discussão do audiovisual com a política de governo, com uma política das secretarias juntas pra fomentar o desenvolvimento das artes do audiovisual aqui no MS, mas visando uma extrapolação, uma exportação, não visando somente o projeto pra um pequeno grupo, infelizmente a gente ainda está nessa de pequeno grupo, nós temos uma cultura muito rica e linda que precisa ser universalizada. 

Expressando com Alessandra Paim - Há receptividade na cena local? 

Mighel_ meus projetos até hoje graças a Deus, eles tiveram uma grande recepção e eu conheço o meu público alvo, eu sei pra quem estou falando. Mas gostaria de expandir isso indo para as periferias, porque essas podem ser um verdadeiro tesouro na questão cultural para o nosso projeto. E as periferias são bastante receptivas. 

Expressando com Alessandra Paim - Como foi a seleção dos atores para a obra? 

Mighel_ está sendo maravilhosa, porque ainda não está concluído 100%. Eu fiz toda pelo facebook não tivemos diretor de elenco pra ir atrás. Nós anunciamos no face e as pessoas começaram a sinalizar. E assim, a gente está conseguindo adesão de muitas pessoas que querem representar e querem conhecer mais o cinema estudar a sua linguagem. Na verdade, quero montar um grupo de pessoas aficionadas pro cinema, pra realizar cinema. 

Expressando com Alessandra Paim - Quando o filme Amai ao próximo será exibido? 

Mighel_ A gente pretende exibir esse filme pelo meu cronograma que obviamente ele poderá ser alterado a qualquer momento, a minha ideia é lançamento esse filme por setembro por aí, se Deus quiser.   

MENSAGEM 

“Nós precisamos de uma política publica com visão estratégica para o mercado do audiovisual. Mato Grosso do Sul é fenomenal é fantástico, maravilhoso, mas nós poderíamos ter aqui um parque cinematográfico se houvesse uma política voltada pra isso. E minha mensagem geral pra galera é quem quiser fazer cinema quem quiser participar das nossas oficinas porque estou fazendo uma troca, ensinando as pessoas a atuarem em cinema falando a linguagem cinematográfica e quem quiser somar conosco basta vir nos procurar pra gente juntar um grande grupo. E na verdade ninguém faz nada sozinho, nós precisamos uns dos outros e isso é bem em cima do título do filme Amai ao próximo; sem o semelhante a gente não é nada só juntando pessoas é que a gente consegue criar algum movimento”, Mhiguel Horta, roteirista produtor e diretor de cinema. 

*Jornalismo Independente

 


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