Política
Revisão da Lei Magnitsky expõe racha entre aliados de Eduardo Bolsonaro e gera troca de ataques nas redes
Revogação das sanções contra Alexandre de Moraes acirra disputas internas no campo bolsonarista e evidencia divergências sobre estratégia internacional
12/12/2025
21:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A revogação das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e à sua esposa, Viviane Barci de Moraes, com base na Lei Magnitsky, provocou um racha público entre aliados do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A tensão se manifestou de forma explícita nas redes sociais nesta sexta-feira (12), com troca de acusações, xingamentos e divergências sobre as estratégias adotadas no exterior contra o Judiciário brasileiro.
O episódio ocorre no mesmo dia em que o governo norte-americano anunciou oficialmente a retirada de Moraes, de sua esposa e da empresa Lex Institute da lista de sancionados, encerrando um impasse diplomático que vinha sendo articulado por aliados do bolsonarismo em Washington.
O embate mais visível ocorreu entre o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o influenciador bolsonarista Allan dos Santos, que está foragido da Justiça brasileira. A discussão teve início após Nikolas recuperar uma postagem antiga de Allan dos Santos, posteriormente apagada, na qual o influenciador afirmava que o presidente Lula não conseguiria reverter a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes.
Allan dos Santos acusou Nikolas de ter resgatado o conteúdo e compartilhado a publicação em grupos de WhatsApp de parlamentares.
“Por que enviar meu tuíte no grupo do WhatsApp dos deputados, @nikolas_dm? Quer entrar ao vivo para discutir o assunto?”, questionou o influenciador no X (antigo Twitter).
A resposta de Nikolas foi direta e agressiva. O deputado republicou a mensagem e atacou Allan dos Santos:
“Não, porque você é um b*”**, escreveu o parlamentar, ampliando a repercussão do conflito.
A crise se aprofundou quando Allan dos Santos atribuiu o fim das sanções a dois fatores principais: críticas à atuação de Eduardo Bolsonaro e a aprovação do Projeto de Lei da Dosimetria, votado na Câmara dos Deputados nesta semana.
“Moraes saiu da Magnitsky porque: 1) c* pro Eduardo. 2) A dosimetria celebrada pelos deputados derrubou a Magnitsky”**, escreveu o influenciador.
Nikolas Ferreira, que foi um dos articuladores da aprovação do projeto, rebateu com veemência, classificando a narrativa como distorcida.
“Atribuir a culpa do fim das sanções a parlamentares é fraude intelectual. Dividir o povo e quem os representa é o último recurso de quem já perdeu qualquer compromisso com a verdade”, afirmou o deputado.
Mais cedo, Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde março, publicou uma nota pública reagindo com “pesar” à decisão do governo americano. No texto, o deputado atribuiu o desfecho negativo à falta de unidade política interna no Brasil e ao baixo apoio às ações conduzidas no exterior.
“A sociedade brasileira, diante da janela de oportunidade que teve em mãos, não conseguiu construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais. A falta de coesão interna e o insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior contribuíram para o agravamento da situação atual”, declarou o parlamentar.
Eduardo Bolsonaro afirmou ainda que continuará atuando internacionalmente, mesmo diante do revés, ao lado do influenciador Paulo Figueiredo, que também assinou a nota.
Nesta sexta-feira (12), o governo dos Estados Unidos confirmou oficialmente a retirada de Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes e da empresa Lex Institute da lista de sanções da Lei Magnitsky. O ministro havia sido incluído em julho, sob acusações de autorizar “prisões preventivas arbitrárias” e restringir a liberdade de expressão no Brasil. As sanções contra sua esposa haviam sido aplicadas em setembro.
Segundo comunicado oficial, a revisão das medidas não trouxe explicações detalhadas sobre os motivos da decisão, mas ocorreu após intensa articulação diplomática do governo brasileiro.
A revogação das sanções, longe de pacificar o campo conservador, acentuou disputas internas, acusações cruzadas e questionamentos sobre liderança, estratégia e eficácia política no exterior. O episódio expõe uma fragmentação crescente entre parlamentares, influenciadores e articuladores internacionais ligados ao bolsonarismo, em um momento de forte tensão entre o Judiciário brasileiro e setores da direita radical.
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