Saúde / Bem-Estar
Uso indiscriminado de colírios pode causar danos permanentes à visão, alertam especialistas
Automedicação mascara doenças, favorece glaucoma, catarata e resistência bacteriana
09/12/2025
11:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O uso de colírios como solução imediata para olhos vermelhos, ardência ou coceira é um hábito comum no dia a dia dos brasileiros. No entanto, segundo especialistas, essa prática aparentemente inofensiva pode ocultar doenças graves e provocar danos permanentes à visão. A automedicação ocular, sobretudo sem diagnóstico médico, representa um risco silencioso e duradouro para a saúde dos olhos.
Para a oftalmologista Dra. Elba Ferrão, do IOBH – Instituto de Olhos de Belo Horizonte, a principal ameaça está na ausência de diagnóstico correto:
“Cada doença exige um tratamento específico. Quando o colírio não é o adequado, pode haver piora do quadro e efeitos adversos sérios.”
Entre os maiores vilões da automedicação estão os colírios à base de corticoide. Embora tragam alívio quase imediato, podem causar consequências graves quando usados sem acompanhamento médico.
“O corticoide pode elevar a pressão intraocular e comprimir o nervo óptico, provocando perda de campo visual. Sem medir a pressão do olho, como faz o oftalmologista, essa alteração evolui de forma silenciosa”, alerta a médica.
Além disso, o uso prolongado está associado ao desenvolvimento precoce de catarata, tanto por via ocular quanto oral.
A chamada hiperemia ocular (olho vermelho) é um sinal clínico fundamental para o diagnóstico. Quando o paciente mascara esse sintoma com colírios por conta própria, dificulta a avaliação médica.
“A intensidade da vermelhidão orienta o diagnóstico e a conduta. Quando a pessoa tenta resolver sozinha, pode ocultar informações essenciais para um tratamento seguro”, explica a oftalmologista.
Outro erro frequente é a aplicação de colírios antibióticos sem indicação clínica, especialmente quando não há secreção purulenta.
“Esse uso desnecessário compromete a flora natural do olho e favorece a resistência bacteriana. Na próxima infecção, o medicamento pode não surtir efeito”, destaca a especialista.
A médica também alerta para crenças populares equivocadas, como:
Usar colírio que “sobrou” de outra pessoa
Acreditar que todo olho vermelho é conjuntivite contagiosa
Repetir receita antiga sem nova avaliação médica
“Cada caso é único. O que serve para um paciente pode ser totalmente inadequado para outro”, reforça.
A especialista orienta que alguns sinais exigem atendimento urgente:
Dor ocular intensa
Queda súbita da visão
Presença de secreção purulenta
Sensibilidade extrema à luz
“Nesses casos, o diagnóstico rápido é decisivo para evitar danos permanentes”, enfatiza.
Além do uso correto, o armazenamento adequado dos colírios também é essencial:
Jamais compartilhar frascos
Respeitar a validade após a abertura
Atentar para colírios que exigem refrigeração, como a latanoprosta
Muitos colírios duram até 30 dias após abertos
Os sem conservantes têm prazo ainda menor de uso
“A ponta do frasco pode tocar a conjuntiva e contaminar o produto. Além disso, é fundamental verificar sempre as instruções da embalagem”, orienta a médica.
Apesar da aparência simples e do alívio rápido que proporcionam, os colírios não devem ser usados sem prescrição. A recomendação final dos especialistas é clara:
“Diante de qualquer alteração ocular, a consulta com um oftalmologista é sempre o caminho mais seguro para preservar a visão”, conclui a Dra. Elba Ferrão.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
CNJ instaura processo disciplinar contra desembargadores do TJMS suspeitos de venda de sentenças
Leia Mais
Novas regras podem reduzir preço da CNH em até 80% e acabam com obrigatoriedade de autoescola
Leia Mais
“Sem dinheiro, as mãos ficam amarradas”, diz Lewandowski ao apontar limites no combate ao crime organizado
Leia Mais
Presidente nacional do PT, Edinho Silva, cumpre agenda em Campo Grande neste domingo
Municípios