A Casa Amarela realiza, neste domingo (7), às 8h40, o terceiro encontro do projeto “Café com a Vizinhança: Histórias do Tombamento – uma criação coletiva”, com foco nas memórias femininas que integram a história da ferrovia de Mato Grosso do Sul. O evento acontece no Complexo Ferroviário de Campo Grande, área tombada pelo Iphan.

Nesta edição, os relatos serão conduzidos por Maria Araci e sua filha, Elizabeth Firmino — esposa e filha, respectivamente, do ex-ferroviário Nelson Firmino.

Memórias de uma vida moldada pelos trilhos

Casada durante décadas com Nelson Firmino, Maria Araci vê no projeto uma oportunidade de manter viva a trajetória de milhares de famílias que se formaram ao redor da ferrovia.

“A vida da minha família foi praticamente toda formada em torno dos trilhos. Eu e Nelson namoramos, casamos, e ele se tornou ferroviário depois de ser dispensado do Exército. Somos de São Paulo e, por volta da década de 1960, viemos para Mato Grosso do Sul. Moramos em Ribas do Rio Pardo, Aquidauana, até chegarmos em Campo Grande”, relembra.

Morando até hoje em uma das casas do complexo ferroviário, ela guarda as lembranças de quando o trem era o principal motor da cidade.

“Quando o trem saiu de Campo Grande, meu marido já estava aposentado, mas tudo o que construímos veio com a ferrovia. Falar dessas histórias é trazer memórias — não só da nossa família, mas de como era o Mato Grosso do Sul”.

Infância entre trilhos e afetos

A filha, Elizabeth Firmino, também compartilhará no encontro as experiências de uma infância marcada pela rotina dos ferroviários.

“Crescer perto dos trilhos foi como aprender a ouvir o mundo passando”, resume.

Papel das mulheres na preservação do patrimônio

Idealizadora do projeto, a arteterapeuta Tatiana De Conto, que coordena a Casa Amarela ao lado do artista Guido Drummond, destaca que esta edição reforça um aspecto fundamental da história ferroviária: o protagonismo das mulheres na luta pelo tombamento do patrimônio.

“Maria Araci é considerada por muitos a matriarca da ferrovia. Quando o processo de privatização começou, os homens estavam no trecho. Então foram as mulheres que iniciaram a articulação política pelo tombamento, cuidando dos leilões e de toda aquela luta. Pessoas como Araci foram fundamentais para que esse patrimônio resistisse”, afirmou.

Segundo Tatiana, nos dois encontros anteriores participaram Maria Madalena Mereb, reconhecida por sua dedicação à memória ferroviária, e o ex-maquinista Nelson de Araújo.

Patrimônio afetivo da cidade

Para Guido Drummond, fundador da Casa Amarela, os encontros reforçam o sentimento de pertencimento da população.

“Esses relatos mantêm viva a história do Complexo Ferroviário. É um patrimônio afetivo de Campo Grande, que continua existindo porque seguimos contando suas histórias”, destacou.

Todos os relatos serão disponibilizados nas redes sociais da Casa Amarela e integrarão o acervo do Museu de Arte Urbana (MuAU), projeto que transforma memórias locais em arte muralista e narrativa.

Financiamento e apoio institucional

O projeto é realizado com recursos da:

• Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB)

• Ministério da Cultura

• Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul

• Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura

• Governo do Estado de Mato Grosso do Sul

Programação de Natal na Casa Amarela

Além do “Café com a Vizinhança”, a Casa Amarela mantém agenda especial até 21 de dezembro:

• Bazar de Natal – quarta a sábado, das 14h às 21h

• Espaço Café – sabores regionais e cerveja artesanal

• Oficina Arteterapêutica de Natal – quintas, das 18h às 20h

• Sábados de Contos de Natal – das 18h às 20h

• Roda de Conversa: “Lídia Baís – uma mulher à frente de seu tempo” – 12 de dezembro

Serviço

Café com a Vizinhança – Histórias do Tombamento

• Local: Casa Amarela – Rua dos Ferroviários, 118 – Campo Grande (MS)

• Data: Domingo, 7 de dezembro

• Horário: 8h40

• Entrada: Gratuita

• Classificação: Livre

• Instagram: @casa.amarela.muau