Campo Grande (MS), Quinta-feira, 13 de Novembro de 2025

Ampla Visão

Eleitor sem memória, inocente ou conivente?

Reflexões sobre o comportamento do eleitor, tensões partidárias, alianças improváveis e os bastidores da disputa pelo Senado em Mato Grosso do Sul

13/11/2025

20:00

MANOEL AFONSO

REFLEXÃO

A falta de memória do eleitor é cultural e institucional. Se na Alemanha há o voto distrital partidário, com lista fechada, e o eleitor sabendo em que partido está votando, aqui vota-se num candidato sem saber qual é seu partido. O pior: eleito, ele até muda de sigla e o eleitor nem sabe como ele está se comportando. Tomou Doril!


DESASTRE

Se um em cada três eleitores não tem qualquer tipo de ligação ou mesmo compromisso com o político que ajudou a eleger, como poderá cobrar que este cumpra as promessas de campanha? Está assim mais do que explicado o baixo nível dos nossos legislativos. Espera-se que a internet melhore a conscientização do eleitor. Esperamos.


ESCOLHAS

A decisão de um eleitor de votar neste ou naquele candidato tem sido influenciada pela mídia, família, ambiente de trabalho, escola, igreja, carisma do postulante, suas promessas de campanha e ainda pelas condições de vida em que se encontra. Enfim, são vários os motivos que podem nortear suas escolhas.


DESGASTES

Existem dúvidas se as pesquisas têm ido ao núcleo das questões que envolvem o eleitor, partidos, políticos e a política como um todo. As abstenções, como forma de protesto e descontentamento, podem até surpreender. Salvo de quem tem interesse direto, não vejo outros sinais de entusiasmo por aí. Tudo muito borocoxô.


A PROPÓSITO

Saudosistas, há os críticos que culpam a lei eleitoral por tirar das eleições aquele clima festivo que até motivava o eleitor. Hoje nada pode. Santinhos, faixas, carros de som e comícios. A festa da democracia ficou sem graça, chata para nossos padrões latinos. A disputa eleitoral está circunscrita as quatro linhas da lei.


SERÁ?

A intenção da legislação é estabelecer situação de igualdade entre os candidatos, evitando ao máximo a influência do poder financeiro. Mas essa teoria nem sempre funciona. Candidatos ricos continuam fazendo campanhas milionárias. Usarão (de novo) o PIX no lugar dos cheques endereçados aos cabos eleitorais.


A MISSÃO

Prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, ex-vereadores e outras figuras fazem o papel de cabos eleitorais, estabelecendo a ligação entre candidatos e eleitores. Esses personagens fazem parte do jogo político, por vaidade e outros interesses eleitorais. Mas sem idealismo. Tudo isso tem naturalmente um custo. A combinar.


INCOERÊNCIA?

Antes o capitão Contar denunciou o ex-governador Reinaldo no rumoroso episódio da ‘Operação Vostoc’. Tudo disponível nas redes sociais. Agora, ambos estarão juntos, trocando afagos e elogios? Como as melancias, vão se acomodar ao longo da ‘viagem’? Como se diz: “as coisas mudam para ficar como estão.”


OPINIÃO

Para o deputado coronel Davi, discípulo fiel de Bolsonaro, Valdemar da Costa extrapolou na tratativa com o capitão Contar, pois agindo assim o dirigente nacional do PL ignorou o diretório e lideranças locais do partido. Vamos aguardar as reações dentro do grupo Bolsonarista sobre essa parceria Reinaldo–Contar.


IRONIAS

Sobre o cenário no grupo governista quanto ao futuro companheiro de Reinaldo, o deputado Caravina antevê desgaste entre outros nomes pretendentes, como a vice-prefeita de Dourados Gianni Nogueira, deputado Gerson Claro e o próprio senador Nelsinho Trad. É previsível — esse episódio deve gerar insatisfação.


NA PARALELA?

Na Assembleia, ouvi elogios de prefeitos e vereadores do interior sobre a atuação do senador Nelsinho, por liberar seguidas emendas e benefícios diversos aos municípios. E isso conta muito eleitoralmente. Articulado, evita polêmicas, críticas e desgastes, centrando seu mandato em ações, passando ao largo da ideologia.


COMPLICADO

Essa situação envolvendo o direito de disputar o Senado pode ser comparada ao técnico de futebol com excesso de craques. Evidente que cada um dos pretendentes ao Senado tem seus méritos, mas na política existem fatores que às vezes fogem da lógica ou razão. Mas é prematuro o exercício da adivinhação.


NÉVOAS

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem interferido no quadro do PL local e causado questionamentos. Se antes manifestara apoio à candidatura de Gianni Nogueira ao Senado, depois declarou-se favorável à candidatura do deputado Pollon ao Governo do Estado e de sua mulher Naiane Bitencourt à Câmara Federal. E agora?


A CAMINHO

Se os diretórios estaduais dos partidos estão subordinados às decisões dos seus diretórios nacionais, conclui-se que o MDB determinará que o diretório estadual acate sua vontade da ministra Simone Tebet ser candidata ao Senado. E mais: as costuras indicam que o deputado Vander Loubet será candidato a suplente dela.


CONVENHAMOS

Embora vozes emedebistas de nosso estado tenham reclamado da postura da direção nacional, não há remédio jurídico que possa impedir. São questões internas nas quais a justiça não pode interferir. E o MDB sempre foi um partido da conveniência ao longo de sua existência. Ulysses Guimarães bradou no deserto.


ESPERTEZA

É fácil antever o projeto dos emedebistas. Cada um deles defenderá seus projetos pessoais, se abstendo de questionar temas críticos sobre o Governo Lula e o PT. Sendo assim, tentarão sair ilesos junto aos seus eleitores, que estariam à vontade e livres para votar ou na reeleição de Lula e na própria Simone. Tudo é possível.


MICHELLE BOLSONARO

As feministas odeiam quando eu falo disso. Sou uma mulher ajudadora, auxiliadora do seu esposo. Entendo o meu chamado como mulher. Sou preciosa. Sei a minha missão. Entendo o meu propósito na terra. E quando falo sim, eu sou auxiliadora ajudadora. E a Bíblia fala de submissão da esposa ao marido, mas é a submissão saudável”. (discurso em Londrina)


IMPRESTÁVEL?

Assim é visto o STF após o ministro Dias Tófoli estender à ex-primeira-dama do Peru a “imprestabilidade” das provas do acordo de leniência da Odebrecht na Lava Jato. Condenada a 16 anos de prisão por lavagem de dinheiro, está asilada aqui por obra de Lula. Tófoli retribui a sua indicação ao STF. É o sistema.


PERDER

A arte de perder não é nenhum mistério; tantas coisas contêm em si o acidente. De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente. Depois perca mais rápido, com mais critério: Lugares, nomes, a viagem não feita. Nada disso é sério.” (Elizabeth Bishop)


PÍLULAS DIGITAIS

  • Eu gostaria de viver como um pobre, mas com muito dinheiro. (Pablo Picasso)

  • Não há loteria que acabe com a pobreza de espírito. (Millôr)

  • Essa história de desemprego é papo de quem não tem o que fazer. (Chico Anísio)

  • Se o comunismo acabar, quem é que levará a culpa? (Jô Soares)

  • Reconhecimento é uma coisa dura de atingir no mundo competitivo. (Clint Eastwood)

  • Só se vive uma vez. E da maneira que eu vivo, uma vez basta. (Frank Sinatra)

  • A humildade, se você não tem por virtude, precisa ter por esperteza. (Roberto Marinho)

  • Se ganha dinheiro com 10% de inspiração e 90% de transpiração. (Silvio Santos)

  • Fale baixo, fale devagar e fale pouco. (John Wayne)

  • Amar a humanidade é fácil. Difícil é amar o próximo. (Henry Fonda)

  • Será que as pessoas me aplaudiriam se eu fosse um bom encanador? (Marlon Brando)

  • É melhor ser infeliz sozinha do que ser infeliz acompanhada. (Marilyn Monroe)


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