Campo Grande (MS), Quinta-feira, 13 de Novembro de 2025

Bonitas & perigosas

Capivaras encantam nos parques de Campo Grande, mas exigem cuidados: veja como conviver com segurança

Veterinários alertam para riscos envolvendo carrapato-estrela e febre maculosa; manejo adequado mantém equilíbrio entre fauna e população

13/11/2025

13:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Elas viraram personagens de memes, modelos de fotos ao pôr do sol e até símbolo da tranquilidade campo-grandense. As capivaras dos parques urbanos encantam turistas e moradores, especialmente em locais como o Parque das Nações Indígenas e o Parque dos Poderes. Mas, apesar da aparência dócil, especialistas alertam: o convívio próximo com esses grandes roedores exige limites e medidas de segurança.

A professora Patrícia Pacheco, do curso de Medicina Veterinária da Estácio, explica que a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) é o maior roedor do mundo, semiaquática e totalmente dependente da água.

“Elas passam boa parte do dia submersas para regular a temperatura e se alimentam ao amanhecer e no fim da tarde”, detalha.

Vivem em grupos de 10 a 20 indivíduos e mantêm uma organização social cooperativa, com cuidado coletivo dos filhotes. Herbívoras, alimentam-se de gramíneas e plantas aquáticas e praticam a cecotrofia, técnica em que ingerem fezes macias para redigerir nutrientes e obter vitamina C, que não produzem naturalmente.

Mesmo habituadas à presença humana, Patrícia reforça que são animais silvestres, e o contato direto pode causar estresse, alterar o comportamento e desequilibrar o ambiente.

Risco invisível: febre maculosa e carrapato-estrela

O principal alerta está associado ao carrapato-estrela (Amblyomma sculptum), transmissor da febre maculosa brasileira. As capivaras não transmitem a doença diretamente, mas funcionam como hospedeiras amplificadoras, permitindo que o parasita complete seu ciclo.

“Elas têm alta tolerância ao carrapato e à bactéria Rickettsia rickettsii. Em áreas com muitas capivaras, o número de carrapatos cresce, aumentando o risco para pessoas e pets”, explica.

O carrapato passa 95% do tempo no ambiente, especialmente na vegetação rasteira. Ou seja, a picada costuma ocorrer de forma indireta — ao sentar, caminhar ou encostar na grama alta.

Como aproveitar os parques com segurança

Especialistas orientam que é possível usufruir dos espaços públicos de maneira tranquila, seguindo cuidados simples:

  • Não toque nas capivaras e nunca as alimente.

  • Use roupas de manga longa, calças e peças claras.

  • Mantenha-se nas trilhas e calçadas, evitando áreas com vegetação alta.

  • Aplique repelente com Icaridina ou DEET.

  • Ao chegar em casa, revise o corpo e os pets, especialmente axilas, virilha e cabeça.

  • Caso encontre um carrapato, retire com pinça fina, sem esmagar o parasita; se houver febre alta, dor de cabeça ou mal-estar nos dias seguintes, procure atendimento médico.

Manejo ambiental é a solução, não o extermínio

Eliminar as capivaras não resolve o problema e desequilibra o ecossistema. A professora destaca que o correto é adotar o Manejo Integrado de Carrapatos, com medidas como:

  • Manter a grama sempre baixa

  • Instalar portais de tratamento com acaricidas

  • Controlar a reprodução das capivaras

  • Realizar campanhas de educação ambiental

  • Monitorar permanentemente a fauna local

Essas ações, combinadas, garantem o equilíbrio ecológico e a convivência segura entre população e animais.

Símbolos da Cidade Morena

Para Campo Grande, as capivaras já são parte do cartão-postal — e continuarão sendo, desde que o convívio respeite a natureza e priorize a segurança.

Com informação, manejo adequado e consciência ambiental, elas permanecem como um dos símbolos mais queridos da Capital, lembrando que a harmonia entre humanos e fauna urbana depende de cuidado e responsabilidade.


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