Política / Justiça
Polícia Federal aponta Rodrigo Manga como líder de organização criminosa e beneficiário de esquema de corrupção
Prefeito de Sorocaba foi afastado por 180 dias; investigação revela uso de contratos de publicidade fictícios e envolvimento de familiares e empresários próximos
11/11/2025
16:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Polícia Federal apontou o prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), como líder e principal beneficiário de uma organização criminosa voltada à corrupção e lavagem de dinheiro com recursos de contratos públicos. As conclusões constam no documento que embasou o afastamento do prefeito por 180 dias, determinado pela Justiça Federal na última quinta-feira (6), durante a segunda fase da Operação Copia e Cola.
De acordo com o relatório obtido pelo g1 e pela TV TEM, o esquema criminoso estaria diretamente vinculado ao exercício do cargo de prefeito e teria começado logo nos primeiros dias da gestão, em janeiro de 2021.
“O investigado Rodrigo Manga é o líder do grupo criminoso e o principal beneficiário das práticas delitivas que estão em andamento. A suspensão da função pública é necessária para interromper os crimes praticados no âmbito da administração municipal de Sorocaba”, afirma o relatório da PF.
Segundo as investigações, o principal mecanismo utilizado para lavar recursos ilícitos era a celebração de contratos de publicidade simulados, firmados pela empresa 2M Comunicação e Assessoria, de propriedade da primeira-dama Sirlange Rodrigues Frate, esposa de Manga.
Esses contratos, de acordo com a PF, eram “de fachada” e tinham como objetivo dar aparência de legalidade ao dinheiro desviado. Entre as empresas e entidades envolvidas estão:
Sim Park Estacionamento Eireli, do empresário Marco Silva Mott,
e a Igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, administrada por Josivaldo de Souza (cunhado de Manga) e Simone Rodrigues Frate Souza (irmã da primeira-dama).
“Os contratos de publicidade firmados pela empresa da esposa do prefeito de Sorocaba não passam de ficção — um estratagema elaborado para reinserir na economia formal vultosos valores de origem ilícita, vinculados ao exercício do cargo de prefeito”, diz a PF.
Os valores lavados somam montantes expressivos:
R$ 448,5 mil via Sim Park, e
R$ 780 mil por meio da igreja, pagos em parcelas mensais.
A PF também apura irregularidades em contratos de gestão da saúde pública. Entre as suspeitas estão a contratação direta e ilegal da Organização Social Instituto de Atenção à Saúde e Educação (antiga Aceni), responsável pela UPA do Éden, e tentativas de burlar licitações para a Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da Zona Oeste.
Mensagens interceptadas indicam o envolvimento direto de Rodrigo Manga nas negociações. Em uma delas, o ex-secretário municipal Fausto Bossolo menciona que “o Manga já me esculhambou hoje, pois eu havia falado que ele assinaria hoje”, demonstrando pressão para a assinatura do contrato emergencial.
Outro indício de lavagem de dinheiro envolve a compra de um imóvel com pagamento parcial em dinheiro vivo, no valor de R$ 182,5 mil, intermediado por terceiros para ocultar a origem dos recursos.
Josivaldo Batista de Souza, cunhado de Rodrigo Manga, é descrito como operador financeiro do esquema. Ele mantinha uma “contabilidade paralela” em seu celular, com registros de pagamentos e propinas de empresas contratadas pela prefeitura.
Já o empresário Marco Silva Mott, dono da Sim Park, é apontado como integrante ativo da organização criminosa e responsável por intermediar recursos ilícitos. Durante buscas em sua residência, a PF apreendeu R$ 646 mil em espécie.
O relatório afirma que Mott exercia grande influência sobre decisões da administração municipal, atuando como uma espécie de “longa manus” — termo usado para designar operadores que agem em nome de autoridades superiores.
Com o afastamento de Rodrigo Manga, a vice-prefeita de Sorocaba, Cristiane Pitanga (Republicanos), assumiu interinamente o comando do Executivo. O prefeito afastado nega as acusações e deve apresentar defesa ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).
A Operação Copia e Cola segue investigando desvios de recursos públicos, contratos superfaturados e lavagem de dinheiro envolvendo empresas de fachada, líderes religiosos e agentes públicos ligados à administração de Sorocaba.
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