Política / Economia
Senado aprova ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda; quem ganha até R$ 5 mil deixará de declarar a partir de 2026
Projeto é considerado uma das principais promessas de campanha do presidente Lula e cria nova tributação de 10% para super-ricos
05/11/2025
17:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Senado Federal aprovou, nesta quarta-feira (5), o projeto de lei 1.087/2025, que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais. A proposta foi aprovada por unanimidade, em votação simbólica, e segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A medida, que deve entrar em vigor em janeiro de 2026, representa uma das principais promessas de campanha de Lula e deve beneficiar cerca de 25 milhões de brasileiros, segundo estimativas do Ministério da Fazenda.
O projeto também prevê uma isenção parcial para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350, além de estabelecer uma nova tributação mínima de até 10% sobre pessoas com rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, medida que funcionará como compensação fiscal.
“Há um consenso sobre a necessidade de aprovarmos a medida em prol dos trabalhadores do país”, afirmou o relator Renan Calheiros (MDB-AL), durante a sessão.
Isentos: contribuintes com renda mensal de até R$ 5.000;
Isenção parcial: renda entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350, com desconto progressivo;
Faixas acima de R$ 7.350: seguem as regras atuais, com alíquotas progressivas de 7,5% a 27,5%.
O texto não altera a tabela progressiva vigente, mas expande o mecanismo de descontos para zerar a cobrança de IR dos trabalhadores com menor renda. A mudança entra em vigor já na declaração de 2027, referente ao exercício fiscal de 2026.
Como compensação à desoneração da base, o projeto cria um imposto mínimo progressivo de até 10% para pessoas físicas com renda anual acima de R$ 600 mil (equivalente a R$ 50 mil mensais).
Caso o contribuinte já tenha pago parte do imposto, o valor será complementado até atingir o percentual mínimo;
Lucros e dividendos distribuídos a partir de 2026 também serão tributados em 10% na fonte, assim como valores remetidos ao exterior;
Os rendimentos de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) ficam excluídos da base de cálculo.
De acordo com o relator, a medida busca corrigir “distorções tributárias históricas”, já que altas rendas no Brasil pagam, em média, apenas 2,5% de IR efetivo, muito abaixo da média dos assalariados.
O custo estimado da ampliação da isenção é de R$ 31,2 bilhões em 2026. Para compensar a perda de arrecadação, o governo espera obter:
R$ 15,2 bilhões com o novo imposto mínimo sobre altas rendas;
R$ 8,9 bilhões com a tributação de dividendos enviados ao exterior.
Renan Calheiros ponderou, entretanto, que os valores podem ser insuficientes para compensar a perda de arrecadação de estados e municípios e defendeu uma nova proposta para elevar a taxação das apostas online (“bets”) e fintechs, garantindo contrapartida entre 2026 e 2028.
A proposta foi relatada na Câmara dos Deputados por Arthur Lira (PP-AL), adversário político de Renan Calheiros, e aprovada em outubro. No Senado, o relator optou por não alterar o mérito do texto para evitar que ele retornasse à Câmara, o que atrasaria a sanção presidencial.
“É o momento de sermos pragmáticos para garantir que o texto entre em vigor já em 2026”, afirmou Renan.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, acompanhou a votação no plenário e destacou que a medida representa “justiça tributária e valorização do trabalho”.
Quem ganha até R$ 5 mil por mês não precisará mais declarar ou pagar IR;
Quem ganha até R$ 7.350 terá desconto parcial no imposto;
Pessoas com renda anual acima de R$ 600 mil pagarão alíquota mínima de 10%, mesmo que já tenham outras deduções;
Lucros e dividendos distribuídos a partir de 2026 também entram na nova regra.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a medida beneficiará 25 milhões de brasileiros, e cerca de 200 mil contribuintes de alta renda serão afetados pela tributação mínima.
A ampliação da faixa de isenção é vista pelo governo como um dos pilares de sua política de redistribuição de renda e deverá ser amplamente utilizada na campanha presidencial de 2026.
Economistas, por outro lado, alertam que sem uma correção periódica da tabela do IR, a faixa de isenção poderá ficar defasada rapidamente, diante da inflação e da valorização dos salários.
Resumo do projeto aprovado no Senado (PL 1.087/2025):
Isenção total: até R$ 5.000/mês;
Desconto parcial: até R$ 7.350/mês;
Nova tributação: 10% para rendas acima de R$ 600 mil/ano;
Lucros e dividendos: tributados a partir de 2026;
Entrada em vigor: janeiro de 2026 (declaração em 2027).
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