Política / Eleições 2026
PT articula frente ampla em MS e busca aval de Lula para lançar Fábio Trad ao governo e Simone Tebet ao Senado
Vander Loubet lidera movimento para recolocar o partido nas majoritárias e resgatar protagonismo político no Estado
23/10/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©FOTOMONTAGEM/JE
O Partido dos Trabalhadores (PT) de Mato Grosso do Sul intensifica as articulações políticas para retomar o protagonismo nas eleições de 2026. O projeto, conduzido pelo deputado federal Vander Loubet, presidente estadual da legenda e nome cotado para o Senado, busca o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para formar uma chapa majoritária competitiva contra o governador Eduardo Riedel (PSDB) e o ex-governador Reinaldo Azambuja.
A proposta inclui o ex-deputado federal Fábio Trad como pré-candidato a governador, Gilda, esposa de Zeca do PT, como vice, e a ministra do Planejamento Simone Tebet como candidata ao Senado. O projeto será apresentado em dezembro, em Brasília, com a presença de Lula e do presidente nacional do PT, Edinho Silva.
Aos 61 anos, em tratamento contra um câncer e decidido a não disputar nova reeleição para a Câmara, Vander Loubet assumiu a missão de reorganizar o partido e consolidar uma frente democrática estadual.
“Não serei mais deputado, cumpri minha missão. Agora quero contribuir de outra forma, talvez no Senado ou como presidente do PT. Se for para construir um projeto forte para o Lula, topo até ser suplente da Simone”, afirmou o parlamentar, em entrevista concedida a partir de Brasília.
Vander revela que só abriria mão da disputa pelo Senado se Lula orientar apoio total à candidatura de Simone Tebet, reforçando o papel estratégico da ministra no projeto nacional de reeleição do presidente.
O nome do ex-deputado Fábio Trad é considerado central na estratégia petista. Segundo Vander, o ex-parlamentar tem perfil técnico e ético para enfrentar o governador Eduardo Riedel em um debate de alto nível, além de agregar independência e diálogo.
“O Fábio tem caráter e preparo para um embate qualificado. Ele já está empolgado com a militância e pode representar a síntese entre renovação e experiência”, destacou Vander.
Fábio Trad, por sua vez, mantém cautela.
“Se for um confronto direto com o governo, não soará bem. Mas se for como proposta alternativa e programática, é possível — e até salutar”, afirmou.
O ex-deputado também minimizou possíveis efeitos sobre o irmão, senador Nelsinho Trad (PSD):
“O Nelson tem condições de mostrar que uma coisa é ele e outra sou eu. Isso não vai me demover.”
O papel da ministra Simone Tebet (Planejamento) ainda é considerado uma incógnita. Vander reconhece sua relevância nacional e vê nela um elo essencial para a ampliação da frente lulista em MS.
“A Simone precisa decidir se quer fazer política conosco. Riedel e Reinaldo não darão legenda. O caminho dela é o PSB, fortalecendo o palanque do Fábio e a frente com o Lula”, avaliou.
Há expectativa de que Tebet mantenha o domicílio eleitoral em Mato Grosso do Sul, o que consolidaria o Estado como um dos palcos centrais da disputa de 2026 entre lulismo e centro-direita.
Para o deputado, o PT entra em 2026 com condições de forçar um segundo turno e enfraquecer o grupo tucano, que aposta na reeleição de Riedel.
“Riedel e Reinaldo cometeram um erro ao migrar para a extrema direita. Lula se recuperou, e o eleitor sul-mato-grossense quer equilíbrio, não radicalismo”, avaliou Vander.
Ele observa que a disputa com a direita, representada por nomes como Eduardo Bolsonaro e Marcos Pollon (PL), tende a fragmentar o campo conservador, abrindo espaço para uma frente progressista competitiva.
Vander destaca que o PT ainda tem base sólida no Estado, entre 350 mil e 400 mil votos, e aposta no desempenho do governo Lula como fator decisivo.
“Só perde reeleição quem erra. E o Lula está entregando: emprego, crescimento do PIB, queda de combustível e políticas sociais na ponta”, afirmou.
O deputado também critica o comportamento da direita:
“A extrema direita presta um desserviço ao setor empresarial. A peregrinação de Eduardo Bolsonaro nos EUA para defender tarifas contra o Brasil é um tiro no pé.”
O líder petista afirma que o partido vive um processo de transição geracional, mesclando a experiência de nomes históricos — como Zeca do PT, Antônio Carlos Biffi e João Grandão — com novas lideranças e modernização digital da militância.
“O militante precisa estar nas redes, é comunicação direta e defesa do projeto. É aí que a direita cresceu — e é aí que vamos recuperar terreno”, defende Vander.
O plano petista para 2026 combina desenvolvimento econômico com justiça social, resgatando políticas exitosas dos governos Zeca e Lula. As prioridades incluem reforma agrária efetiva, mediação de conflitos indígenas, assistência técnica no campo e infraestrutura logística, com foco na Rota Bioceânica e no corredor do Mercosul.
Vander também falou sobre sua cirurgia de próstata, marcada para a próxima semana em São Paulo, com otimismo e serenidade.
“É fé em Deus e na ciência. Vou operar e retomar as atividades normalmente”, afirmou.
Com lucidez e convicção política, o parlamentar resume seu papel nesta fase:
“O que move o PT agora é construir um projeto coletivo, sólido, com raízes e alianças amplas. E eu quero estar nessa construção, com saúde e propósito.”
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
SIMPI inaugura delegacias presenciais em Mato Grosso do Sul para fortalecer micro e pequenas empresas
Leia Mais
Delcídio do Amaral aposta em nova aliança partidária para atrair descontentes do centro-direita em 2026
Leia Mais
Cruz Vermelha realiza ação de saúde bucal em cinco cidades de MS no Dia Nacional da Saúde Bucal
Leia Mais
Gerson Claro reafirma compromisso da Assembleia Legislativa com o diálogo e o fortalecimento da educação pública em MS
Municípios