Interior / Terenos
Áudios revelam chantagem e “império rural” em esquema na Prefeitura de Terenos
Prefeito afastado Henrique Wancura Budke (PSDB) é acusado junto a 25 pessoas de integrar organização criminosa que teria desviado milhões por meio de contratos irregulares
02/10/2025
22:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) denunciou o prefeito afastado de Terenos, Henrique Wancura Budke (PSDB), e mais 25 pessoas por corrupção ativa e passiva, em um esquema que envolvia contratos fraudulentos, chantagem e investimentos milionários em um “império rural”.
O relatório do GECOC (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) revelou um padrão reiterado de contratações suspeitas, com 49 dispensas de licitação entre 2021 e 2025. Segundo o MP, empresas ligadas ao grupo foram favorecidas em um ciclo que desviava recursos públicos e fortalecia laços ilícitos.
As provas incluem áudios e mensagens de celular anexados ao processo, revelando tensões internas entre os próprios envolvidos. Em um dos trechos, a empresária Vanuza Cândida Jardim cobra pagamentos de Valdecir Batista Alves (ex-secretário de Desenvolvimento), de Sandro José Bortoloto (empresário) e do próprio prefeito afastado:
“Aí em Terenos me roubaram quatrocentos e trinta e sete mil reais (...). O Henrique também sumiu, mas engano deles que acham que eu não tenho tudo guardado. Se não me pagarem, vou entregar minhas conversas com Henrique e com Valdeci”, ameaçou Vanuza.
Embora alvo de busca e apreensão durante a Operação Spotless, deflagrada em 9 de setembro, Vanuza não chegou a ser denunciada. O MP aponta que sua atuação foi determinante para liberar recursos destinados a uma obra de pavimentação — valores que teriam sido desviados para quitar contratos já executados.
As investigações identificaram ainda que parte dos recursos desviados teria sido usada na construção de um empreendimento de suinocultura, avaliado em R$ 3,7 milhões, e na compra de 20 touros Nelore PO (puro de origem).
Segundo a denúncia, Budke, Valdecir Alves e Rodrigo Rosa da Silva adquiriram uma chácara com três barracões de criação de suínos, cada um vinculado a um dos sócios. O financiamento foi obtido por meio da cooperativa Copérdia, com notas fiscais emitidas em nome dos três envolvidos. Para o MPMS, a manobra foi uma tentativa de dar aparência de legalidade a recursos ilícitos.
O patrimônio de Budke cresceu 218% em quatro anos, saltando de R$ 776 mil em 2020 para R$ 2,4 milhões em 2024. Em 2020, ele declarava apenas casa simples, terrenos, apartamento e consórcio de imóveis. Já em 2024, listava participação em empresa, fazendas, chácara e terrenos.
Sua antiga residência foi transformada em sede da empresa Cerrado Engenharia Ambiental, enquanto a família passou a viver em um imóvel de alto padrão avaliado em R$ 2 milhões.
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