Interior / Terenos
MP pede mais de 200 anos de prisão para prefeito de Terenos acusado de corrupção
Henrique Budke (PSDB) é apontado como chefe de organização criminosa que fraudava licitações; 25 pessoas foram denunciadas
30/09/2025
20:45
CE
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) pediu a condenação do prefeito de Terenos, Henrique Wancura Budke (PSDB), a até 260 anos de prisão, por envolvimento em um esquema de corrupção que desviava recursos públicos por meio de fraudes em licitações. Ele é acusado de corrupção passiva, organização criminosa, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.
A denúncia, assinada pelo procurador-geral de Justiça Romão Ávila Milhan Júnior, foi apresentada no âmbito da Operação Spotless, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O documento possui mais de 600 páginas, com fotos, provas documentais e conversas de WhatsApp entre os acusados.
Segundo o MPMS, Budke teria transformado a prefeitura em um verdadeiro “balcão de negócios”, manipulando editais de obras públicas como reformas de escolas, unidades de saúde, calçadas e pavimentação asfáltica.
Das 17 tomadas de preço realizadas entre 2021 e 2023, 16 foram vencidas por empresas ligadas ao grupo criminoso, o que representa 94% das contratações. Os contratos somaram mais de R$ 16,5 milhões até maio de 2025.
Um dos exemplos citados é a Tomada de Preços nº 002/2021, referente à reforma da Escola Rosa Idalina Braga Barboza, na qual o prefeito teria recebido R$ 60 mil em propina.
Além do prefeito, outros 25 réus foram denunciados, entre empresários, servidores públicos e até um policial militar do Batalhão de Choque de Campo Grande. Entre eles estão:
Henrique Wancura Budke – prefeito de Terenos, apontado como chefe do esquema
Eduardo Schoier, Orlei Figueiredo Lopes e Valdecir Batista Alves – denunciados com pedido de inabilitação para cargos públicos
Fábio André Hoffmeister Ramires – policial do Choque, acusado de usar empresa da esposa (Tercam Construções) para fraudar licitação da reforma da Escola Isabel de Campos Widal Rodrigues
Isaac Cardoso Bisneto – secretário de Obras, também acusado de participação direta
Tiago Lopes de Oliveira – empresário citado como foragido
A lista completa inclui ainda empresários e servidores como Arnaldo Godoy Cardoso Glagau, Felipe Braga Martins, Fernando Seiji Alves Kurose, Nádia Mendonça Lopes, Genilton da Silva Moreira, Sansão Inácio Rezende, entre outros.
O Gaeco também apontou um crescimento suspeito no patrimônio do prefeito. Entre 2020 e 2024, os bens declarados por Budke saltaram de R$ 776 mil para R$ 2,4 milhões, um aumento de 318%.
A investigação indica ainda que propriedades como a Fazenda Ipê Amarelo e a Chácara Curé estavam subvalorizadas em declarações oficiais, e que a participação do prefeito na empresa Resilix Ltda cresceu 74.490% em menos de um ano.
Em sua residência, os investigadores apreenderam R$ 11,3 mil em espécie. Apenas em 2023, segundo o MP, Budke teria embolsado R$ 235 mil em propinas. No total, os valores comprovados ultrapassam R$ 500 mil, sem contar outros episódios ainda sob apuração.
Além da condenação penal, o MP pede:
Perdimento dos bens e ganhos ilícitos
Pagamento de R$ 10 milhões em danos morais coletivos (houve provável erro material na denúncia, que cita R$ 10 mil)
Inabilitação de Budke, Schoier, Orlei Lopes e Valdecir Alves para exercício de cargos públicos
Henrique Budke está preso desde setembro de 2025, quando foi deflagrada a Operação Spotless. O processo segue em tramitação com provas robustas apresentadas pelo Gaeco.
“As provas revelam um sistema montado para fraudar licitações e desviar recursos da população de Terenos, beneficiando diretamente o prefeito e seus aliados”, afirmou um trecho da denúncia.
Com as acusações somadas em concurso material, a pena do prefeito pode chegar a 260 anos de prisão, caso condenado em todas as frentes.
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