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Morre Hermeto Pascoal, o “bruxo dos sons”, aos 89 anos
Multi-instrumentista alagoano deixa legado único na música brasileira e mundial, marcado pela experimentação e genialidade
14/09/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Brasil se despede de um de seus maiores ícones musicais. O compositor, arranjador e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, conhecido como o “bruxo dos sons”, morreu neste sábado (13), aos 89 anos. A notícia foi confirmada em nota publicada nas redes sociais do artista pela família e equipe, que não informaram a causa da morte.
“Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música. No exato momento da passagem, seu Grupo estava no palco, como ele gostaria, fazendo som e música”, diz o comunicado.
O músico estava escalado para se apresentar no festival AcessaBH, em Belo Horizonte (MG), mas sua participação foi cancelada horas antes. Em tom poético, a nota pediu que sua memória fosse homenageada com música:
“Quem desejar homenageá-lo, deixe soar uma nota no instrumento, na voz, na chaleira e ofereça ao universo. É assim que ele gostaria.”
Nascido em Lagoa da Canoa (AL), em 1936, Hermeto demonstrou curiosidade pelos sons da natureza desde a infância. Aos 11 anos, já tocava a sanfona de oito baixos do pai em festas locais. Em Recife, passou a trabalhar em rádios com o irmão e, na década de 1960, fixou-se em São Paulo, onde lançou seus primeiros discos, como “Conjunto Som 4” (1964) e “Sambrasa Trio em Som Maior” (1966).
No Quarteto Novo, acompanhou Edu Lobo no histórico Festival da TV Record com a canção “Ponteio”, vencedora da edição. Posteriormente, ganhou projeção internacional ao trabalhar com o jazzista Miles Davis, que o considerava um dos músicos mais criativos do mundo.
Hermeto lançou discos marcantes como “Slaves Mass”, “Ao Vivo em Montreux Jazz” e “Lagoa da Canoa, Município de Arapiraca”, todos carregados de experimentações sonoras que incluíam desde cantos de pássaros até barulhos do cotidiano, como chaleiras, garrafas e até porcos.
Seu trabalho recente inclui o álbum “Pra Você, Ilza” (2024), homenagem à esposa com quem viveu por 46 anos, e a biografia “Quebra Tudo! A Arte Livre de Hermeto Pascoal”, que o retrata como um verdadeiro mago da música.
“Já nasci música, não fiz nada que não tivesse música. O que escrevo numa bacia de banheiro é tão importante quanto o que escrevo em qualquer papel, porque a música é sagrada”, afirmou em sua última entrevista, há pouco mais de um ano.
Reconhecido mundialmente, Hermeto Pascoal foi celebrado por sua capacidade de tirar música de tudo ao seu redor, transformando o simples em genialidade. Sua carreira o consagrou como um dos artistas mais inventivos da história da música brasileira.
Viúvo de Ilza, com quem teve seis filhos — Jorge, Fabio, Flávia, Fátima, Fabiula e Flávio Pascoal (percussionista que seguiu a carreira do pai) —, Hermeto deixa uma obra que continuará inspirando gerações.
A família anunciou que a cerimônia de despedida será aberta ao público, em data e local ainda a serem confirmados.
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