Política / Câmara Federal
Hugo Motta nega conversa com Lula sobre cassação de Eduardo Bolsonaro
Presidente da Câmara afirma que pauta não foi tratada com o petista; Eduardo tenta exercer mandato à distância após licença e faltas acumuladas
02/09/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou nesta segunda-feira (1º) que tenha discutido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a possível cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Tenho uma ótima relação com o presidente Lula. Todas as vezes em que nos encontramos, tratamos de diversos assuntos de interesse do país, mas esse especificamente não foi um assunto tratado entre nós. Até porque, quando o presidente da Câmara encontra o presidente da República, existem outras pautas muito mais importantes a serem tratadas”, afirmou Motta em evento no Recife, ao jornalista Ricco Viana.
A declaração rebate fala do próprio Lula, que, na última sexta-feira (29), defendeu a cassação de Eduardo em entrevista à rádio Itatiaia. “Eu já falei com o presidente Hugo Motta, já falei com vários deputados que é extremamente necessário cassar o Eduardo Bolsonaro, porque ele vai passar para a história como o maior traidor da história desse país”, disse o petista.
Eduardo tirou licença de 120 dias em março e viajou aos Estados Unidos, onde atua em articulações políticas pela anistia do pai.
A licença terminou em 20 de julho; desde então, o deputado tem faltado às sessões plenárias.
A Constituição prevê cassação de mandato por faltas a um terço das sessões ordinárias, mas a análise só ocorre em março de 2026, referente ao ano anterior.
Na tentativa de evitar a punição, Eduardo enviou ofício a Motta pedindo autorização para exercer o mandato à distância, alegando perseguição política.
No último dia 20 de agosto, a Polícia Federal indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro sob suspeita de obstrução do julgamento da trama golpista em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado classificou o indiciamento como “indevido” e resultado de sua atuação parlamentar no exterior.
Motta já havia criticado a postura de Eduardo Bolsonaro, especialmente em relação ao tarifaço imposto por Donald Trump contra exportações brasileiras. “Não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país, trabalhando muitas vezes para que medidas tragam danos à economia do Brasil. Isso não pode ser admitido”, afirmou em entrevista à Veja.
No último dia 15 de agosto, o presidente da Câmara encaminhou quatro denúncias contra Eduardo ao Conselho de Ética, dando início ao trâmite formal que pode culminar em processo disciplinar.
Apesar da negativa sobre a cassação, Motta reconheceu que a anistia aos presos e investigados pelos atos de 8 de janeiro segue em discussão na Casa. “Nós temos procurado decidir a favor de pautas que possam dialogar com o momento, mas acima de tudo com a necessidade do nosso país. No momento certo, vamos deliberar sobre esses assuntos”, afirmou.
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