Política / Partidos
Reinaldo Azambuja enfrenta riscos ao trocar PSDB pelo PL e depender do apoio de Bolsonaro
Ex-governador mira vaga no Senado em 2026, mas ingresso em partido dividido pode expor disputas internas e incertezas eleitorais
10/08/2025
21:00
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O ex-governador Reinaldo Azambuja deve oficializar até 20 de agosto sua saída do PSDB e filiação ao PL, assumindo o comando do diretório regional da sigla em Mato Grosso do Sul. A mudança, articulada com o próprio Jair Bolsonaro, visa viabilizar sua candidatura ao Senado nas eleições de 2026, mas envolve riscos que vão desde a resistência interna de aliados bolsonaristas até a instabilidade política do ex-presidente.
Azambuja encontrará um PL dividido e com figuras que se opõem abertamente à sua chegada, como o vereador Rafael Tavares, o deputado estadual João Henrique Catan e o deputado federal Marcos Pollon. Esses parlamentares já o criticaram publicamente em razão da Operação Vostok, deflagrada pela Polícia Federal em 2018, que resultou em denúncia da Procuradoria-Geral da República por suposto recebimento de R$ 67,7 milhões em propinas, prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres públicos e crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A denúncia, apresentada em outubro de 2020, ainda não foi aceita pela Justiça. Azambuja sustenta que é vítima de injustiça. Apesar disso, Pollon classificou os articuladores de sua filiação como “canalhas” e recebeu apoio de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente autoexilado nos EUA, e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Enquanto parte do PL, como Coronel David, Neno Razuk e Rodolfo Nogueira, já integra o grupo de aliados de Azambuja, outros líderes mantêm oposição aberta. Rafael Tavares, por sua vez, sinalizou que acatará a decisão de Bolsonaro, apesar das críticas passadas.
No entanto, a experiência mostra que nem sempre os bolsonaristas seguem integralmente a orientação do ex-presidente. Na disputa pela Prefeitura de Campo Grande, por exemplo, Bolsonaro apoiou Beto Pereira (PSDB), que acabou ficando fora do segundo turno. A base bolsonarista se dividiu entre voto nulo, Beto e a reeleição de Adriane Lopes (PP).
A trajetória política recente indica que Bolsonaro pode mudar de posição em momentos decisivos. Em 2022, permaneceu neutro na eleição para o governo estadual até a reta final, quando apoiou Capitão Contar (PRTB) no primeiro turno e, posteriormente, também declarou apoio a Eduardo Riedel (PSDB) no segundo turno.
Além de Azambuja, outros nomes da direita, como Capitão Contar, a vice-prefeita de Dourados Gianni Nogueira (PL) e o presidente da Assembleia Legislativa Gerson Claro (PP), também disputam o apoio de Bolsonaro para o Senado em 2026.
Atualmente em prisão domiciliar, Bolsonaro tem como meta formar uma bancada de senadores alinhados para 2027, com foco em pautas como o impeachment de ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes. Apesar de ter reunido 41 assinaturas para protocolar o pedido, a medida foi barrada pelo presidente do Senado, David Alcolumbre (União Brasil), e dificilmente alcançaria os 54 votos necessários.
A entrada de Azambuja no PL pode afastar eleitores de centro e esquerda, que tenderiam a apoiar um nome menos identificado com o bolsonarismo caso dois candidatos da direita tenham chances reais de vencer as duas vagas. Esse cenário poderia beneficiar adversários alinhados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a filiação ao PL, Reinaldo Azambuja busca ampliar seu capital político com o aval de Bolsonaro, mas assume riscos que podem comprometer sua estratégia eleitoral para 2026.
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