Campo Grande (MS), Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025

Política / Justiça

Prisão domiciliar de Bolsonaro isola ex-presidente e embaralha articulação da direita para 2026

Setores políticos e empresariais pressionam por definição de candidato, mas momento é visto como frágil para discutir sucessão presidencial

11/08/2025

07:00

DA REDAÇÃO

©ARQUIVO

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) completa nesta segunda-feira (11) uma semana de prisão domiciliar, medida determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o descumprimento de restrições judiciais. O isolamento imposto interrompeu viagens, reuniões e conversas diárias com lideranças políticas, prejudicando as articulações para as eleições de 2026.

Bolsonaro teve a prisão antecipada por ter participado, por videochamada, de um ato bolsonarista no Rio de Janeiro, no qual falou com apoiadores, contrariando decisão judicial. Aliados esperavam que, até o trânsito em julgado do processo da chamada trama golpista, houvesse tempo para amadurecer a escolha de um candidato de consenso.

Agora, o contato com o ex-presidente é restrito. Antes de receber autorização para visitas familiares, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro era sua principal interlocutora. Apesar de liderar o PL Mulher e aparecer bem em pesquisas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Michelle é hoje cotada para disputar uma vaga no Senado pelo Distrito Federal, não a Presidência.

Visitas e núcleo de influência

Nesta primeira semana de prisão domiciliar, Bolsonaro recebeu visitas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

  • Ciro Nogueira passou cerca de meia hora no local e afirmou que o ex-presidente, embora abatido, mantém “fé em Deus e confiança no Brasil”.

  • Tarcísio permaneceu quase duas horas e disse que Bolsonaro estava sereno, mas aliados afirmam que não houve conversa sobre 2026 — apenas sobre a prisão e estratégias para revertê-la.

Aliados próximos estão preocupados com o estado psicológico e de saúde do ex-presidente, que ainda enfrenta crises de soluço e deverá receber visita médica nos próximos dias.

Tarcísio e a relação com o bolsonarismo

O governador de São Paulo mantém interlocução com Bolsonaro, mas evita se envolver diretamente em temas que desgastam a direita, como o tarifaço de Donald Trump contra produtos brasileiros. Ele também não faz críticas abertas a Alexandre de Moraes, postura que agrada ao empresariado, mas o distancia do chamado “bolsonarismo raiz”. Apesar de negar interesse na Presidência e declarar que pretende disputar a reeleição em São Paulo, aliados avaliam que Tarcísio precisa manter alinhamento com Bolsonaro caso seja considerado para a sucessão.

Cenário eleitoral

Segundo o último Datafolha, Lula lidera com folga no primeiro turno e empata com Bolsonaro e Tarcísio no segundo turno, dentro da margem de erro. Bolsonaro, porém, está inelegível. Outros nomes da direita, como Ratinho Jr. (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO), também surgem como alternativas, mas foram criticados por Flávio Bolsonaro por não participarem de atos bolsonaristas no último domingo (3).

Reunião de governadores e recado de Mauro Mendes

Na última semana, governadores de oposição ao governo Lula se reuniram na casa do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para criticar o tarifaço e o STF, no que classificam como “crise institucional”. O encontro não tinha como pauta principal 2026, mas o tema surgiu. Segundo participantes, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), afirmou que “o próximo presidente do Brasil estava na reunião” e alertou que, se a esquerda continuar no poder, a responsabilidade também será dos presentes.


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