Política / Câmara Federal
Eduardo Bolsonaro recebe salário da Câmara mesmo fora do Brasil e mantém gabinete ativo com custo de R$ 123 mil
Deputado teve contas bloqueadas por Moraes, mas folha de julho foi paga; gabinete segue com oito funcionários e pai admite envio de R$ 2 milhões
05/08/2025
16:00
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
Mesmo vivendo nos Estados Unidos desde fevereiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a receber salário da Câmara dos Deputados neste mês de julho. Segundo dados do Portal da Transparência, ele recebeu R$ 17 mil brutos — valor proporcional aos dias em exercício após o fim de sua licença parlamentar no dia 20 de julho. Com os descontos, o valor líquido foi de R$ 13.338,69.
A remuneração foi paga mesmo com o parlamentar estando fora do país e com as contas bancárias e chaves PIX bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes também proibiu transações com bens móveis e imóveis do deputado.
Em nota, a Câmara dos Deputados confirmou que o pagamento foi efetuado porque a ordem de bloqueio judicial chegou apenas no dia 24 de julho, após o fechamento da folha salarial, ocorrido em 21 de julho. A Casa informou que os próximos pagamentos a Eduardo Bolsonaro serão retidos, conforme determinado pelo STF. Já os salários dos assessores parlamentares não foram afetados.
Apesar da ausência prolongada do parlamentar no Brasil e das sanções judiciais, o gabinete do deputado segue operando normalmente, com oito funcionários ativos. Os salários dos assessores variam entre R$ 9 mil e R$ 14 mil, totalizando R$ 123 mil mensais em gastos com pessoal.
Vivendo com a família nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro conta com apoio financeiro do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que admitiu publicamente ter transferido recursos para ajudar o filho a se manter no exterior.
“Eu botei 2 milhões na conta dele, ok? Lá fora tudo é mais caro. Tenho dois netos com ele. É muito dinheiro, mas quero o bem-estar dele”, declarou o ex-presidente, durante entrevista.
Segundo Jair Bolsonaro, o valor — equivalente a US$ 350 mil — veio dos R$ 17 milhões recebidos via PIX por apoiadores em 2023, durante campanha de arrecadação feita para custear multas impostas na pandemia.
“Não é lobby, são fatos. O trabalho que ele faz lá é pela democracia no Brasil”, disse Bolsonaro, negando que Eduardo esteja atuando para sancionar autoridades brasileiras, como o ministro Moraes.
Eduardo Bolsonaro está sob investigação por suposta tentativa de obstrução de justiça e articulações internacionais contra ministros do STF, no contexto dos atos golpistas de 8 de janeiro. O deputado, inclusive, foi citado no inquérito que apura pressões sobre o governo dos EUA para adotar sanções contra autoridades brasileiras com base na Lei Magnitsky, o que gerou reação diplomática.
Com a ordem judicial em vigor, Eduardo não poderá movimentar os valores recebidos da Câmara ou realizar qualquer operação bancária em seu nome, ainda que mantenha mandato e estrutura de gabinete ativa.
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