Política
Edinho Silva toma posse no PT e defende partido forte para era pós-Lula
Novo presidente do PT afirma que sucessão não será de nomes, mas de projeto coletivo, e critica interferência dos EUA nas eleições brasileiras
03/08/2025
16:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Empossado neste domingo (3) como novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva defendeu que a legenda se prepare para o cenário político “quando Lula não estiver mais nas urnas”. Em seu primeiro discurso oficial, ele ressaltou a importância de fortalecer a organização partidária como caminho para garantir a continuidade do projeto petista após o ciclo do atual presidente.
“É nossa responsabilidade construir o PT quando o presidente Lula não estiver mais nas urnas disputando nosso projeto”, declarou Edinho.
Segundo o novo dirigente, a sucessão de Lula não será definida por nomes individuais, mas por um partido forte e coeso. “Seu substituto não será um nome, seu substituto será o Partido dos Trabalhadores. Porque se o partido estiver organizado, o nome será construído, a liderança será construída”, afirmou.
Edinho defendeu que o PT intensifique sua presença junto à juventude, afirmando que a sigla precisa “superar o afastamento dessa nova geração”. Ele também destacou que o partido deve se preparar para enfrentar “grandes embates” e aprimorar a comunicação direta com a sociedade.
A renovação interna do PT ocorre em meio à ascensão de discursos antidemocráticos e ao fortalecimento da extrema direita. Segundo Edinho, o papel do partido será garantir a defesa da democracia e da soberania nacional.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que deixa a presidência do PT após sete anos, foi ovacionada durante o evento, com gritos de “Gleisi foi pra gente uma excelente presidente”.
Em sua fala, Gleisi fez críticas contundentes à família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, segundo ela, articula contra o país ao estimular interferência internacional.
“Temos que lutar contra a intervenção estrangeira, causada por um ex-presidente e sua família que quer anistia, que articulam contra o Brasil, que falam dos valores do Brasil e entregam o nosso país ao estrangeiro”, afirmou.
Ela também agradeceu nominalmente ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, pela condução das investigações do 8 de janeiro, e puxou coro contra a anistia aos envolvidos:
“Sem anistia para uma gente traidora, que tentou dar um golpe e agora dá um golpe continuado. Não vamos negociar nossa soberania, democracia e autonomia dos nossos Poderes.”
Na véspera da posse, o PT aprovou o documento-base que vai orientar suas diretrizes nos próximos anos. Elaborado pela corrente majoritária CNB (Construindo um Novo Brasil), ligada a Lula, o texto com 107 itens defende:
Veto ao projeto que muda regras do licenciamento ambiental
Isenção de IR para quem recebe até R$ 5 mil
Criação de imposto sobre lucros e dividendos
Redução da jornada semanal de trabalho para 40 horas
Combate ao genocídio na Palestina e tarifaço de Trump
Rejeição à extrema direita e defesa da democracia
Apesar das bandeiras tradicionais, a redução da jornada de trabalho teve menção discreta no texto. Já a comunicação institucional foi apontada como um dos principais desafios do governo Lula, com sugestão de maior protagonismo de ministros e lideranças regionais.
“É preciso convencer a população da importância das ações de Lula, não apenas divulgar o que foi entregue”, destaca o documento.
Além de Gleisi Hoffmann, participaram da posse os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Anielle Franco (Igualdade Racial), Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), todos filiados ao PT.
O evento marcou a consolidação da CNB no comando do partido, mantendo a influência de Lula no direcionamento estratégico da legenda. No entanto, o novo presidente reforçou a necessidade de preparar o PT para caminhar com autonomia, independentemente da presença de Lula nas urnas.
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