Política / Justiça
Bandeira de Trump acirra crise no PL e expõe desgaste da direita com tarifaço
Partido busca se desvincular das sanções de Trump ao Brasil enquanto líderes se irritam com atos de Eduardo Bolsonaro e protestos no Congresso
23/07/2025
14:05
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O gesto de parlamentares do PL que ergueram uma bandeira em apoio a Donald Trump, na terça-feira (22), provocou desconforto interno e acirrou a crise vivida pela direita brasileira com a aproximação da entrada em vigor do tarifaço contra produtos do Brasil, anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos. A medida começa a valer no dia 1º de agosto.
Na avaliação de integrantes da cúpula do partido, a direita enfrenta um momento delicado, agravado por ações individuais e sem coordenação, como a de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontado nos bastidores como “incontrolável” e pouco disposto a colaborar com uma saída política para a crise.
Durante manifestação no Congresso, deputados do PL, como Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA), exibiram uma bandeira dos Estados Unidos com apoio a Trump. O ato, que deveria criticar a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de suspender reuniões de comissões dominadas pelo PL, acabou sendo visto como contraproducente.
Setores pragmáticos do partido criticaram o gesto por desviar o foco político e associar o PL diretamente ao governo Trump em um momento de tensão econômica. “Se quisessem carregar a bandeira de forma individual, que assim o fizessem. Em grupo, só prejudica”, afirmou um interlocutor da legenda.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que a situação foi resolvida internamente:
"O assunto já foi dialogado com a bancada e com o deputado que levou a bandeira para que ações individuais não sejam mais expressas em ações coletivas. Para a bancada, o assunto foi superado."
Mesmo afastado da Câmara, Eduardo Bolsonaro segue causando desconforto dentro da legenda. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro é visto como um dos principais entraves à pacificação da direita diante do impacto das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Fontes do partido relatam que Eduardo não tem ouvido conselhos, insiste em atacar aliados estratégicos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e não assume publicamente que não solicitou o tarifaço — o que ajudaria a conter o desgaste político do PL.
Segundo relatos, o deputado repete apenas que mirava a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, ministro do STF, e nega envolvimento com as tarifas.
A Lei Magnitsky autoriza os EUA a aplicar sanções a estrangeiros acusados de violações de direitos humanos ou corrupção em larga escala.
Apesar das orientações internas para que recue, Eduardo Bolsonaro tem sinalizado que pretende intensificar sua retórica contra o Supremo Tribunal Federal.
Diante da escalada da crise comercial, o PL tenta reconstruir pontes políticas e preservar a imagem do futuro candidato da direita em 2026. A legenda avalia que associar-se diretamente a Donald Trump neste momento pode enfraquecer o discurso econômico e comprometer alianças com o agronegócio, a indústria e setores exportadores.
Enquanto isso, líderes pressionam para que o partido retome o foco institucional, dialogue com a base e afaste-se de ações vistas como radicais e isoladas.
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