Campo Grande (MS), Quarta-feira, 16 de Julho de 2025

Política Internacional

Senador Nelsinho Trad lidera missão do Senado aos EUA para conter tarifaço de Trump

Com apoio da CNI, grupo parlamentar buscará interlocução direta com Congresso norte-americano; setor produtivo alerta para risco de colapso nas cadeias industriais

15/07/2025

21:00

DA REDAÇÃO

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A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado Federal aprovou nesta terça-feira (15) o envio de uma missão parlamentar aos Estados Unidos com o objetivo de conter os impactos da sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros. A iniciativa é liderada pelo presidente da comissão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), e já conta com apoio institucional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de representantes do agronegócio, da diplomacia e do Congresso Nacional.

O grupo deverá viajar a Washington no final de julho para dialogar com senadores e deputados norte-americanos, buscando demonstrar que a medida afeta não só o Brasil, mas também os próprios EUA.

“O comércio internacional não pode ser campo de batalha ideológica. É agenda de Estado. Precisamos de pontes, não de muros”, afirmou Nelsinho Trad.

Missão tem caráter institucional e diplomático

Segundo o senador, o convite para essa articulação partiu há três meses da Embaixada dos EUA no Brasil, por meio do encarregado de negócios Gabriel Escobar. A proposta agora ganha força diante do agravamento da crise comercial. A missão poderá dar origem a um grupo interparlamentar Brasil-EUA, com foco em diplomacia econômica e preservação de empregos.

“Vamos tabular com a Embaixada dos Estados Unidos a ida de um grupo parlamentar. Muitos congressistas americanos reconhecem que as tarifas também trarão impactos negativos para os estados que eles representam”, afirmou Trad.

Indústria nacional em alerta: “Tarifa inviabiliza setores estratégicos”

Em audiência na CRE, Mario Sergio Carraro Telles, diretor da CNI, foi enfático:

“Essa taxação inviabiliza projetos em curso e desorganiza setores como o automotivo, aeroespacial, metalúrgico e de máquinas. A fundição Tupy, por exemplo, terá impacto de até 80%.”

A CNI lembrou que empresas brasileiras investiram US$ 3 bilhões nos EUA nos últimos cinco anos, enquanto o investimento americano no Brasil chegou a US$ 27 bilhões. “É uma relação madura. Não pode ser tratada com improviso”, disse Carraro.

Importadores e agronegócio também pressionam

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores, Michel Platini Juliani, alertou para o risco de desemprego em massa caso o Brasil adote reciprocidade. “Muitas empresas terão que mudar seus modelos de negócio ou buscar fornecedores na China e na Índia.”

Já o secretário de Comércio do Ministério da Agricultura, Luis Rua, reforçou o impacto imediato no agronegócio, mesmo antes da tarifa entrar em vigor:

  • Café: Brasil exportou quase US$ 2 bilhões aos EUA em 2024;

  • Suco de laranja: 32% das exportações brasileiras vão para os EUA, que consomem 80% da produção mundial.

Itamaraty e Senado articulam resposta diplomática

O embaixador Philip Fox, do Ministério das Relações Exteriores, disse que o governo brasileiro tentou evitar a escalada tarifária com ações diplomáticas desde março, incluindo reuniões com Geraldo Alckmin, Mauro Vieira e Mauricio Lyrio.

“Nos últimos 20 anos, os EUA acumularam superávit de US$ 410 bilhões na balança comercial com o Brasil. E 74% das exportações americanas entram aqui sem tarifas.”

Senado unido em torno da missão

A proposta de interlocução parlamentar com o Senado americano teve apoio de diversos senadores:

  • Tereza Cristina (PP-MS): defendeu a Lei da Reciprocidade apenas como último recurso.

  • Hamilton Mourão (Republicanos-RS): enfatizou o papel do Parlamento e criticou Trump por “interferir em questões internas do Brasil”.

  • Wellington Fagundes (PL-MT): elogiou a articulação da CRE e pediu diálogo com “pares americanos”.

“Vamos buscar uma solução negociada. A tarifa é ruim para o Brasil, mas também para os EUA. Queremos ganhar tempo e abrir espaço para o entendimento”, finalizou Nelsinho Trad.


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